O mais antigo cocô conhecido de um Neandertal
revelou que os homens da caverna não comiam só carne, mas também gostavam de
comer verduras também, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira. A descoberta foi feita no sítio arqueológico de El
Salt, onde cientistas descobriram sinais de que os neandertais viveram entre
45.000 e 60.000 anos atrás.
Fonte: AFP (www.afp.com 25/06/2014)
Há longínquos
35 mil anos, depois de um fim de semana reimoso, nosso aparentado pré-histórico
aperreado – deve ter comido um sarrabulho já passado do ponto – resolveu
aliviar-se numa caverninha qualquer. Por pudor, pois não? As Neandertaletes
andavam por ali saracoteando e, imagino, não ficava bem fazer o serviço aos
olhos curiosos e fofoqueiros, até porque, se de um Homo sapiens a coisa é feia,
imagine o número dois de um Neandertal.
Aliviado do
desembesto do bucho, nosso herói saiu displicente e assobiando algum hit da
parada de sucessos do momento. Mal sabia ele que alguns poucos milhares de anos
depois, seus concorrentes humanos esquadrinhariam seu coprólito, ou o que
restou dele, para saber – vejam o irônico da situação – o que ele comia. Sarrabulho
no MacOlítico, ele sabia, nunca mais.
Não há nada de
inusitado em vasculhar o cocô alheio. No século XVIII e XIX, os médicos faziam
parte de suas consultas olhando e (eca!!!) cheirando o cocô de seus pacientes. Chegou
mesmo a prosperar uma psicologia, se não fecal, gastrointestinal. Estar nervoso
desanda a barriga. Uma pessoa enfezada era alguém constipado, cheio de fezes. E
que se não duvide, olhar seu cocô ainda é uma boa fonte de informação sobre
doenças. Já fezes fossilizadas tem seu quê de importância e sofisticação, pois
aspira explicar coisa do arco da velha da vida alheia desde obscuros tempos.
Até prosperou uma análise.
Arquecoprologia.
Inventei a palavra. Define bem o estudo. Arché, do grego, significa antigo.
Copro, também do grego, significa fezes e logos, conhecimento. A novel ciência
lançou um provocante artigo da prestigiosa Plus One, isso com ajuda da não
menos reconhecida instituição científica MIT que cedeu equipamentos
ultramodernos para espiolhar os produtos fecais e dizer, afinal, o que teria
comido seu dono. Coisa que o leitor já sabe: nosso herói anônimo nunca quis ser
dono daquele infeliz produto.
Num futuro
distante, alguns milhares de anos adiante, nossos descendentes, talvez
robotizados, vasculharão as lonjuras do Brasil. Talvez andem em ruínas
pulverizadas de Brasília e ali, entre um coprólito e outro, reescreverão nossa
história. O primeiro choque, certamente, será com a quantidade de merda
fossilizada, formas, cores e tamanhos.
Um aparelhinho
assim de pequeno lançará sua luz azulada sobre um excremento em particular e
fará a leitura numa tela holográfica: caviar, Bourbon, camarões. O autor tinha
uma queda pra contas em paraísos fiscais. Outra, de cor escurecida pelo tempo,
entregava: lagosta ao cream cheese, uísque 50 anos e um pendor do dono para
lavagens fiscais e financiamentos não contabilizados de campanhas políticas.
Os
pesquisadores, entre eufóricos e surpresos, continuam lançando a tal luzinha
azul em todo lugar, aquilo é como se fosse uma gigantesca latrina a céu aberto.
Num amontoado esquisito, uma profusão de variedade e texturas intriga os
arquecoprólogos. A leitura precisaria de um aparelho mais preciso e potente. Ao
exame da luz, surgem as primeiras informações. Sarapatel, buchada, foie gras,
cachaça, churrasco, um traço político comportamental sobressaía unindo os
autores como se fossem de uma irmandade, companheirada, religião, tribo: todos
praticavam uma coisa chamada mensalão. Chamaram os paleólogos para decifrar a
palavra: aquele grupo foi batizado de Mensadertais. A lição que fica é que se você
fizer merda, não importa quanto tempo dure ou quão escondido seja, alguém
sempre descobre.
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