De calça jeans justa ou
shorts, três mulheres divulgavam em Batatais (352 km de SP) um convite
inusitado: visitar uma nova boate de shows e concorrer ao sorteio de uma
acompanhante, "à escolha do cliente premiado".
Fonte: Folha de São Paulo (Seção Cotidiano – 15/03/2012)
Tâmara Patrícia Merlhuzzia, vulgo
Estrela. Nome que adotou bem jovem quando acalentava o sonho de ser atriz da
Rede Globo. Também porque odiava o nome triplo, artifício de sua mãe para encobrir
o nome do pai desconhecido escrito na certidão de nascimento. Também porque
acreditava que a menina nem precisaria criar um nome artístico, o próprio já
serviria quando a glória chegasse.
Mas Estrela teve que sobreviver
ao nome. Na escola, quando ainda não se sabia o que diabos significava bullyng,
ganhou o desdenhoso apelido de TPM. Mas isso ela tirou de letra, ou a base de
cabelos arrancados e unhadas em quem ousou chamá-la pelo apelido. Estrela virou
um nome e uma sina a ser perseguida.
Sonho, contudo, é coisinha
ensaboada, pode até estar ao que se pensa ser o alcance das mãos, mas, como
miragem, se desfaz. Estrela esteve perto. Carregou durante um tempo no
currículo o título de ex-bbb, acrescido ao que já trazia há algum tempo,
modelo. Num período de baixa, circulou no Classificados de um jornal com o nome
acrescido de Popozuda. Fez desfiles de quinta categoria, fotos para calcinhas e
sutiãs de catálogos para a mulherada da classe C, uns nus em revistas de
terceira linha que lhe renderam uma pequena poupança para iniciar seu próprio
negócio: uma casa de acompanhantes disfarçada de boate de beira de estrada.
A boate até que andou bem, mas
sabe-se lá porque as contas não estavam fechando. Era hora de mais
agressividade. Promoção do produto. Toda loja faz isso. Um mês inteiro de
facilidades, prêmios e sorteios. Estrela convocou as trabalhadoras para uma
ação. Os produtos fariam sua propaganda, era uma forma de animar os
interessados. O felizardo ganharia uma acompanhante com tudo pago.
Sainhas curtas, saltos
plataformas transparente, blusinhas que mostram mas não entregam, maquiagem e
bijuterias e estavam prontas para expor o material e entregar folhetos na
rodovia.
Mas vocês sabem
como é este mundinho pós quase tudo. Ongs, governo, justiça, todo mundo defende
os fracos e oprimidos, mesmo que eles não queiram. Mulher até pode praticar a
profissão mais velha do mundo, mas vender o produto com artifícios capitalistas
e de forma pública e escancarada, isso a cambada do politicamente correto não
suporta.
As velhas feministas que ardiam em
prateleiras mofadas destilando sua androfobia, voltaram com tudo, como zumbis
redivivas. Não deu tempo nem para o primeiro sorteio, embora um monte de senhas
já tivessem sido distribuídas. Estrela, sem querer foi parar no centro das
atenções, ela que agora queria discrição e bastidor, afinal, em seu negócio,
quanto mais amofumbado, melhor.
Estrela foi parar no Jornal
Nacional, primeira página do Jornal Pequeno, perseguida pelo batalhão de
ministras da Dilma, capitaneadas pela Eleonora Meniccuci que cansou de dar
porrada em homens nos bons tempos de guerrilheira tupiniquim. De nada adiantou
dizer que não patrocinava a prostituição. O nome de suas meninas já dizia,
acompanhantes só acompanham e com a quantidade de pobres homens
desacompanhados, ela fazia um grande trabalho de cunho social.
Com as alucinadas
ex-bandoleiras em seus calcanhares, acusada de ser inimiga da causa feminina e
pela exploração do sexo frágil, meteram Estrela em cana e fecharam sua boate. O
governo fechou um negócio próspero, desempregou as meninas e acabou com a
diversão adulta de meia região. Estrela não se dá por vencida, depois deste
ligeiro contratempo, já tem planos de abrir um novo negócio em Brasília, dois
deputados e um senador, dos quais ela não pode declinar os nomes, serão seus
sócios. Agora o negócio vai bombar.
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