A união estável
"poliafetiva" lavrada no interior de São Paulo pela tabeliã Claudia
do Nascimento Domingues entre um homem e duas mulheres trouxe à tona um debate
que divide juristas e a sociedade. Num momento pós-união estável homossexual,
já aceita pela Justiça, até onde vai o conceito de família no Brasil?
Fonte:
Jefferson Puff (BBC Brasil, em São Paulo – 28/08/2012)
Cromualdo Quintanilha não é
advogado. Nem tabelião. Nem capinha do tribunal mais fuleiro ele é.
Considerando que hajam tribunais desta categoria. Mas entende de direito que só
vendo. Bem, o direito dele, lá. É como uma espécie de frustração compensada por
um interesse frequente no tema e leituras livres – põe livre nisso – dos
códigos disponíveis no país. É seu hobby, por bem dizer. Se lhe der asa,
discute com um ministro do supremo de igual para igual. Ele se sente igual e
não há quem lhe tire isso da cabeça. Se alguém questiona essa igualdade, ele
apela: ele é homem, eu também sou. Se o interlocutor redargue com um “não se
trata disso, mas do conhecimento em Direito” ele dá de ombros e diz que o
código que o tal lê, ele também lê, logo, a diferença é de interpretação e cada
um tem direito à sua. Pronto. Acabou a discussão.
Esta semana o encontrei e ele sem
qualquer saudação de cortesia, sapecou logo um “isto é um absurdo!”. Nem me
refiz da expressão e ele já emendava que o país certamente colapsará com esta
pouca vergonha de união poliafetiva. E olhe que o desavergonhamento chega ao
ponto de etiquetarem esta tal união de “estável”. Não estaria o um traindo a
uma com a outra? Só porque estão debaixo do mesmo teto e um pedaço de papel
atesta a normalidade? Quer dizer que o sujeito que pegava a empregada praticava
a poliafetividade e não sabia? Tanta confusão com a patroa por nada. Está
redimido!
Esqueci de dizer. Cromualdo é um
empertigado defensor da moral e dos bons costumes. Salva-nos de sua sanha que
não é religioso, porque aí, além de enquadrar a todos nos artigos legais
montados segundo sua particular visão de mundo, ainda submeteria todos os
transgressores ao fogo do inferno. Você aí, por enquanto, está salvo. Mas só
até ele se converter a alguma dessas coisas chamadas de igrejas neopentecostais
mundiais universais do milagre divino.
Dizia. Ainda nem me refiz da
defesa do Serguei de seu pansexualismo. O Renato Russo repetiu a dose. Mas o
que o primeiro adorava mesmo era andar com uma camiseta dizendo: “Eu comi a
Janis Joplin”. No aperreio, porém, gostava de transar com uma árvore. Não
senhores, não era uma bananeira. Ele apenas tomou um ácido lá no anos 1960 e
nunca retornou dessa viagem. E o segundo falava essa bobagem por
não-sei-que-diga. Agora, a velha teúda e manteúda passa para dentro de casa e
muda-se o nome de amásio para o pernóstico “união poliafetiva”. Com registro em
cartório!!! Levanta o indicador para enfatizar sua afirmativa.
Menos mal que é uma cara com duas
mulheres e isso o meu avô e o pai dele
antes, já praticavam tudo muito discreto e dentro dos conforme da proteção da
família. Quer dizer, o salto de cerca contribuía para o equilíbrio da paz no
lar e da sociedade, mas do jeito que a coisa vai é já que aparece um cara com
uma mulher e outro cara. Um cara com dois caras. Uma mulher com dois caras...
com duas mulheres. Se a gente for ver mesmo, isso não tem fim. Imagine se você
faz esta tentativa usando só um hétero com todas as letrinhas da sigla da
organização gay GLBBTTZXYH?
Imagine o Juquinha em seu
primeiro dia na escola. Menino, quem é teu pai? O Chico e o Pedro. Como? E tua
mãe menino? É a Rosita. Para disfaçar e diminuir o choque inicial a professora
perguntará. Você gosta da mamãe? Ela gosta de comer milho. Como assim Juquinha?
Pipoca você quis dizer? Não, é milho mesmo, minha mãe é uma cabra. É assim que
as coisas andam.
Cadê a igreja, as autoridades
constituídas, os executores das leis? Onde foi parar os homens de bem? Tá bom,
as mulheres também. Onde? Onde? Defendo que o casamento monogâmico e
heterossexual ganhe imediatamente a proteção da WWF e do Greenpeace? Protegem
animais? E daí? Se o casamento referido está em extinção, pois que se proteja
com a mesma tenacidade que se protege o minhocoçu. Não faço trocadilho infame,
ouviram? E aí, como é que vai ficar? Vai-se deixar agora essa baderna de
mistura poli-o-diabo-que-os-carregue?
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