Uma londrina descobriu
a traição do namorado de uma forma bem inusitada. Melissa Smeaton estava fazendo faxina na casa onde estava morando
com Richard Antony, quando,
de repente, o aspirador parou de funcionar. Ao levar o aparelho no técnico o
homem retirou de lá uma calcinha (que não pertencia a Melissa), que bloqueava o
cano sugador. Furiosa, ela não teve dúvida: o amado a estava passando para trás
com outra...
Fonte:
G1 (Planeta Bizarro – 02/09/2102)
O casamento havia chegado a uma
espécie de impasse. Tudo era meio previsível e estavam os dois acomodados à
rotina. O sexo era protocolar e espaçado e só aparecia quando os dois estavam
aperreados. Cremenildo nunca fora um grande amante, reconhecia, e ficava ainda
mais tímido com mulheres fortes pelas quais, estranhamente, tinha atração. Quem
sabe, um édipo mal resolvido. Sua mulher era a mais macha da dupla. Despachada,
prática e sem muita firula. Sua feminilidade era pouco cultivada. Dizia que não
tinha tempo para estas frescuras, sem contar que estas “frescuras” custavam
dinheiro, coisa que estava sempre em falta.
A vantagem destes casamentos
longevos, o deles passava dos dez anos, é que um conhece o outro relativamente
bem. As manias, pelo menos. Brigas acontecem, mas rareiam por que um, sabendo
das idiossincrasias do outro, evita ou cutuca para dar um pouco de emoção
àquela modorra infernal. Cremenildo sabia que sua mulher era sestrosa e não se
importava. Cada um tem seu jeito, pensava. Mas sentia falta de um pouco de
sensualidade naquela mulher, no mais, era boa companheira. Às vezes, ela até o
chamava de “Creme”. Aquilo era a senha. Naquela noite eles teriam diversão.
Quer dizer, algo parecido a.
Mas se uma hora qualquer ela se
dirigia a ele, os lábios afinavam e a sombrancelha esquerda ficasse levemente
levantada, era encrenca na certa. Se colocasse as mãos na cintura, vixe! Ele
que se preparasse para duas horas, no mínimo, de ladainha. Ele aprendera a
desouvir. Era uma excelente forma de se defender. Desde que ela não perguntasse
alguma coisa a respeito do falatório. Uma cara de bobo e a resposta errada
daria razão para mais três horas de falação. Com um ou dois dias mais de
queixas de que ele nunca se importava.
Cremenildo desenvolveu lá sua
forma de satisfação onde faltava ou era precário no seu relacionamento. Tinha
fetiche por calcinha. Rejeitava, porém, as calçolas que eram muito comportadas
e sem graça e lembravam sua mulher com aquela postura de cobrança. Nas
magazines, discretamente, costumava se perder na seção feminina pra dar uma
olhada nas novidades. Tocava uma ou outra calcinha, fantasiando que havia
alguém ali dentro. Era tudo muito rápido, pois ficava apavorado com a ideia de
alguém pegá-lo no ato. Foi tentado várias vezes a furtar uma coisinha daquelas,
mas o só pensar lhe dava taquicardia. Era boa a sensação, mas faltava coragem e
se contentava com adrenalina da má intenção.
Assim vivia Cremenildo até que
mudou-se para o apartamento do lado uma baita de uma morena. Descobriu por
acaso, o que sua mulher já sabia há dias e até fizera uma comentário qualquer
não muito lisonjeiro à nova vizinha. A tentação não havia sido despertada nele
até ver a vizinha. Como a forma de vê-la era achegando-se à sacada, criou
estratégias de a todo momento fazer algo ali. Até fumar tentou, o que lhe
custou uma quase asfixia. Nestas andanças pela sacada, descobriu a vizinha
colocando as calcinhas num pequeno varal improvisado. Ela lhe deu um sorriso e,
faceira, continuou colocando as calcinhas com delicadeza. Cada qual era um mimo
aos olhos de Cremenildo.
Aquilo despertou nele, diria o
Roberto Jeferson, seus instintos mais primitivos de masculinidade perdida e
abafada numa relação morna. Aquela mulher sabia se vestir por baixo. Já não
perdia uma só estendida de calcinha. Um dia, por artes do destino, o vento
jogou – ou teria sido uma mensagem da vizinha? – uma calcinha na sua sacada.
Era vermelha com babadinhos e transparências estratégicas. Um sonho. Colocou no
bolso. Mas o medo era tanto, que sentia os olhos cravados da mulher como se ela
estivesse ali em pessoa. Aquilo virou seu tesouro. Mas onde esconderia? Todos
os lugares que pensava, seu cérebro, como que descontrolado, criava uma
situação em que sua mulher descobria. Ele tentava combater aquilo justificando
para si mesmo com as mentiras mais escalafobéticas, mas acaba vencido. A mulher
descobria.
Dias se passaram, sua tensão
aumentou. Todos os esconderijos possíveis ele utilizou na casa. Nunca estava
seguro. A mulher começou a notar. Dormia mal, comia pouco. Mas não havia força
de livrar-se de seu prêmio. Aquilo, por bem dizer, lhe devolveu a macheza, sem
contar as “viagens” de fantasia que fez com a vizinha. Mas aquilo não era
taição, era? Meio que se consolava. A mulher insinuou que estava doente. Ele
negou. Começou a ficar desconfiada. Sugeriu que ele escondia algo. Incrível,
ela o achava tão incapaz que nunca disse que ele a traía. Aquilo lhe despertou
uma raiva que até pensou fazer um nem sei que diga. Não, ele não faria.
Cansado e sem ter mais um único
lugar onde esconder o presentinho dos deuses que lhe deu tanta alegria,
resolveu desfazer-se dele. Aspirou a calcinha e foi trabalhar. A noite, ao
chegar, deparou-se com a mulher em pé no meio da sala. A sobrancelha estava
levemente levantada. Os lábios estavam sem cor e finos. Uma das mãos na
cintura. O pé direito batia levemente no chão. Na outra mão, como se pegasse
com nojo, a calcinha vermelha de babadinhos estava pendurada. Um frio lhe
correu pela espinha. Creme, disse ela, porque você fez isso comigo? Correu e
atirou-se ao seu pescoço, sôfrega e mais fêmea do que nunca.
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