sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Brasil Absurdo



A partir desta sexta-feira, as prestadoras deverão garantir mensalmente 70% da velocidade média mensal contratada pelos usuários e 30% da velocidade mínima obrigatória.
Fonte: Veja (01/11/2013)
Neste país, uma empresa pode vender, por exemplo, acesso à internete por variados modos: 3g, 4g, cabo, rádio, telefonia, até rede elétrica. Igual noutros países. Igual? Até outro dia, o contrato que o usuário do serviço assinava dizia sem vergonhamente que a concessionária poderia entregar apenas 10% do contratado. E faziam a ressalva. De acordo com a disponibilidade da rede. Ah, bom. Comprar um quilo de arroz na quitanda e levar apenas 100 g parece ilegal, a balança está adulterada e o comerciante malandro seria denunciado por você à polícia, imagino. Mas aceitávamos comprar acesso à internete e levar um décimo do que se contratava e... era legal!!!!
Mas eis que a Anatel resolveu dar um basta neste roubo descarado. Doravante, as concessionárias estão obrigadas a dar 70% de velocidade média ao longo do mês e pelo menos 30% nos dias mais aperreados. Se der apenas os 30% na maior parte do tempo terá que aumentar a velocidade de acesso para compensar. Como? Vou desenhar para você. Se você compra 10mbps (megabits por segundo) eles devem dar 7mbps de média ao longo do mês e no mínimo 3mbps. Traduzindo. Você e eu continuamos a ser roubados.
O Brasil deve ser o único país do mundo em que a condenação de meliantes, como os do mensalão, não significa cadeia. É porque o fato de ser condenado admite o questionamento da condenação(???). E as provas? Que se danem as provas. Se for no Supremo, os condenados recorrerão aos próprios juízes que os condenaram e estes, não raro, mudam o voto, seja por uma filigrana da lei – o juiz é escravo da lei, dizem, mas também do que chamam poder discricionário que, em miúdos, significa que pode interpretar a lei segundo suas convicções. Quanto mais alto o posto no judiciário, mais o sujeito tem múltiplas interpretações. Uma loucura. Para terminar este tema. Quanto maior a condenação, mais os caras têm dúvidas. Quanto mais relações de poder tiverem os réus, nem se fala então. Desculpem “os caras”, sei que se melindram.
No Brasil, o “mais médicos” é boicotado... pelos próprios médicos. Até hoje não entendi (por mais que torça o nariz para o serviço dos cubanos) por não compreender o porquê destes escravos de estado continuarem limitados aos miseráveis soldos da Ilha, sem contar que não vieram porque queriam, embora a maioria se mandaria se pudesse. E o Padilha até ensaiou uma explicação troncha. No Brasil varonil os professores passam mais tempo em greve do que em sala aula e os que vão a ela podem receber facadas, porrada e xingamentos.
No Brasil, os bandidos mandam nas cadeias. Usam telefone e postam fotos em redes sociais, fazem churrasco, se divertem no lugar como se fosse um clube. Via celular comandam os “negócios” de dentro do presídio e se for “dimenor”, mesmo que mate, roube e faça o diabo, trata-se apenas de infrator, mas suas vítimas não mudam de status, continuam sendo cadáveres, roubados, agredidos.
Por aqui, os políticos não entendem que são servidores públicos e nos tratam como se devêssemos nós, seus patrões, alguma coisa. Ser político no Brasil é profissão regiamente paga com 14 salários anuais (em alguns lugares eram 18, uma subversão da dimensão do tempo que nem Einstein imaginaria fazer). Fora isso, eles tem direito a dezenas de regalos aos quais costumam chamar de “auxílio”. Acho o “auxílio paletó” o mais curioso, engraçado mesmo, pela tamanha desfaçatez. E ainda se amofinam se não lhes agradecemos pelos serviços prestados.
No Brasil, tem lei para demora na fila do banco. Eles se superam ano a ano em faturamento, sempre na casa dos bilhões, e continuam com poucos atendentes e tome fila. Aqui a gente paga o carro mais caro do mundo e as montadoras choram miséria todo dia, e dizem que o governo cobra muito imposto. Mas aqui eles têm as maiores margem de ganho por carro do mundo. Mas o governo também cobra muito imposto.
No Brasil, o governo faz propaganda de venda de gadgets baratos e divulga como se fosse uma revolução social. Só como exemplo. Desde que a Dilma disse que se compraria um iphone por quase trocados, com fábrica aqui, o preço nunca baixou e agora foi motivo de espanto que um aparato para jogos custe R$ 4 mil reais. Longe de ser um escândalo, tornou-se propaganda a favor do jogo. Também pagamos o minuto de celular mais caro do mundo e estamos quase na cabeça quando compramos um big mac. E ainda dizem que somos pobres. 
É esquisito. Ser político é ser sinônimo de desonesto. Em quase todo lugar é, apenas entre nós é um fato e a gente ainda se dá por satisfeito quando rouba, mas faz. A gente tem tanto medo da polícia quanto de bandidos. O brasileiro, relativamente e nem tanto, paga os mais altos impostos do mundo e tem os piores serviços públicos do planeta. E você diz: mas isso todo mundo sabe. Verdade. E no que isso mudou seu comportamento quando vota?

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