Um laudo
preliminar feito por veterinários da Prefeitura de São Lourenço (MG) apontou
que os rabos de animais encontrados na cidade são, na maioria, de cães e que a
quantidade, diferente do que foi informado inicialmente, é de 150 e não de 500.
Além disso, o documento descarta o uso da carne em uma festa realizada na
cidade.
Fonte: Do G1 Sul de Minas (28/08/2015)
Aquela
maçaroca de pelos jogadas num monturo era de rabos de cachorros e gatos também,
gritou a presidente da Patrulha Animal, ong que assumiu a investigação sobre o
misterioso caso dos rabos. Alegava que a polícia não estava tão engajada quanto
deveria. Que, inclusive, o delegado havia contado rabos de menos e que dava
conta de “apenas” – ela fez as aspas com os dedinhos – 150 rabos, quando ela e sua
equipe registraram com filmagem e contagem minuciosa, pelo menos 500 rabos.
O
delegado esquivou-se alegando que não tinha os equipamentos necessários à
investigação como cães farejadores, maquinário sofisticado, computadores,
leitores de dna e sequer um veterinário legista para atestar se era rabo de
bicho ou de gente. De qualquer modo, estavam todos diante de um flagrante
acinte à lei federal que proibia terminantemente o corte dos rabos dos bichos
com fins estéticos, para alimento de gourmets excêntricos ou reles tira-gosto.
O
prefeito estava muito preocupado, porque a tal ong desembestada sugeria com
escândalo e estardalhaço que haveria um criatório e um matadouro na cidade,
ambos clandestinos, para a venda da carne e que, horror dos horrores, a carne
teria sido servida na maior festa da cidade, a Festa de Agosto que, neste ano, contou
até com a presença de atores globais do segundo escalão. Pois bem, os convivas
teriam consumido cachorro e gato nos quitutes servidos nas barracas e buffets.
Um Secretário, a mando do alcaide, protestou como faz o PT com as contas de
campanha da Dilma, que a comida servida na festa foi analisada e aprovada pela
Vigilância Sanitária local.
Houve
quem dissesse, simpatizantes da Patrulha, e juravam de pés juntos, ter notado
que o cheiro da cidade mudara desde o aparecimento dos rabos como se nascessem
no mato por pura geração espontânea. A catinga adocicada da putrefação havia
impregnado todo o ambiente. O problema é que nem todo mundo sentia o tal
cheiro. Talvez houvesse uma alucinação olfativa. A dificuldade com a teoria de
magarefes terroristas infiltrados, disfarçados entre os cidadãos, é que ninguém
deu por falta de seus mascotes. Não apareceu também quem alegasse haver algum
tipo de celerado, um serial killer de rabos pela região.
A
história ganhou proporções inusitadas. Um deputado, em Brasília, espoletou-se
com a história dos rabos. Sua exa. Deputado Laudívio, imediatamente propôs uma
CPI, pois em terra de quem tem rabo de palha, a história dos assassinatos dos
rabos calou fundo. Que interpelaria o delegado que demonstrava certo descaso
com assunto de tamanha importância. A Câmara também investigaria o aparecimento
dos rabos e o sumiço dos donos dos rabos na cidade e no país inteiro. O que
desnorteava ao delegado e à Patrulha era onde teria ido parar o restante dos
gatos e cachorros, pois se os rabos andam por aí, em algum lugar estaria o
restante dos bichos, mas onde?
Uma
recompensa de dois mil reais foi oferecida pela Patrulha para quem indicasse os
“assassinos dos rabos”, sim, porque não havia corpos para atestar a morte dos
bichos. Ao delator premiado se daria o mais absoluto sigilo. Especialista em
cortes de rabos, aposentado porque a lei o proibia de exercer a profissão,
atestou que os rabos foram cortados à faca, fato que causou comoção e aumento
imediato da recompensa.
Não se sabe o que fazer com
os rabos achados. Foi sugerido doá-los ao movimento dos sem-rabo, mas houve
resistência. Todo tipo de ideia se cogita. Ninguém, contudo, foi capturado, nem
apareceu qualquer grupo anônimo de apreciadores da exótica culinária com pets.
Como a cidade é mineira, já se cogita a ação de ets fugidos de Varginha.
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