Fonte: BBC
Brasil (09/07/2015)
O Papa ainda
não terminou seu périplo pela América do Sul. Equador, Bolívia e Paraguai foram
os países agraciados com a presença de Sua Santidade. O que vai ficar marcado
indelevelmente na viagem, além das falas contundentes e engajadas adotadas pelo
pontífice, é um “presente” dado pelo presidente boliviano, o bolivariano Evo
Morales.
Uma foto
destaca o momento sem-noção do camarada Evo. O Papa parece temer tocar na
abominação e não falo no sentido religioso, o que daria muito pano pra manga,
mas da obra em si e sua aparência, digamos, horrenda para dizer o mínimo.
Trata-se de uma foice e um martelo, símbolo do comunismo mundial consagrado
pelos soviéticos e reproduzido em bandeiras e brasões de inúmeras nações que o implantaram
para desgraça de seu povo.
A imagem do
Cristo está crucificada no martelo e pouco acima da foice. Não há exegese que
explique a demência da coisa. O rosto do Papa, qualquer um pode ver, parece
traduzir o que vai na sua mente: PQP! O que esse imbecil está pensando? Ou esta,
menos escatológica: Deus, me segura porque vou dar um bofete neste aimará
maluco.
Há nítida
surpresa e um leve e amarelo sorriso papal que tenta entender o significado do
desastre estético e teológico. Nem os mais empedernidos teólogos da libertação
boffinianos ousariam ajuntar símbolos tão díspares num mesmo saco. Só pra
lembrar. O martelo e a foice foram usados literalmente para matar cristãos
dentro das fronteiras de quase todo país comunista e que decretaram o ateísmo
como uma política de estado. Mas coerência na esquerda, intelectual ou chifrim,
é como pedir ao porco que não goste de lama.
Imagino o que
ocorreu entre os assessores mais chegados ao presidente. Em alegre debate
tentando agradar primeiramente ao seu patrãozinho. Foram incumbidos de pensar num
típico presente que seria dado ao ilustre visitante. Um deles conhecia um
artesão que faz qualquer coisa que lhe mandam. Camaradas, disse alguém, o
presente deve traduzir a revolução bolivariana e o socialismo do séc. XXI do inefável
companheiro finado Chavez que Deus o tenha. Benzeu-se, no que foi acompanhado
pelos demais num sonoro “amém”. De repente, como que atingido por uma convulsão
cerebral, berrou: viva Che! E os outros bradaram: viva! Viva Evo! Viva! Viva
Chavez! Viva! Viva Dilma! O quê? Perdón, camaradas!
Um sujeito que
a tudo assistia com pouca participação, pois parecia num transe, disse: um
resumo da obra crística-bolivariana, a maneira de afastarmos esse cristianismo
do colonizador opressor. Algo original com cheiro de Andes e cocô de Alpaca. Pregaremos
Jesus na foice e no martelo. É a síntese de tudo. Olhos lacrimejados. Sinto
aqui a presença do Chavez. Ele bafejou a ideia do presente ao Santo Papa. Amém,
disseram todos. Ao final, antes de sair do transe, rabiscou freneticamente a
obra. Com reverência, entregou o papel a um seu camarada que partiu
incontinenti em busca do artesão que faria a esquisitice.
Dilma daria
mandiocas ao Papa. Talvez com a imagem da Aparecida esculpida numa delas, vai
se saber. De qualquer forma, o Papa já pagava um mico danado, pois nem bem
desceu do avião, Evo sapecou-lhe um colar com uma sacola semelhante a um bornal
e que trazia uns penduricalhos parecendo pequenas trouxas. A primeira fala do
Papa, ainda no aeroporto, foi com a coisa pendurada ao peito. Nem Dilma com sua
proverbial antice seria capaz de tanto.
A provação
papal, no entanto, está quase no fim. Talvez reserve um momentozinho para fazer
uma sacolagem entre nossos mais chegados falsificadores e agora entreposto
chinês. O mercado de quinquilharias paraguaio.
Enquanto os fieis se dividem entre esquerda e
direita, os primeiros a favor do presente destrambelhado do Morales e os segundos
contra o que consideram um acinte à fé, o mundo gira. Há suspeitas de que o
Santo Padre teria, qual Carlota Joaquina, batido o pó boliviano dos pés, mas
era só para tirar a inhaca do Evo que grudou na batina.
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