Desde o início da análise da
reforma política, foram aprovadas cinco mudanças na legislação: mudança do
tempo de mandato, fim da reeleição, restrições de acesso de pequenos partidos
ao fundo partidário, permissão de doações de empresas a legendas e alteração da
idade mínima para concorrer ao Legislativo.
Fonte: G1 (11/06/2015)
Às vezes o
mundo parece um mar em calmaria para minha sensibilidade e o objetivo desta
coluna. É uma roça achar algo que force minha mente a desconstruir as histórias
que encontro, de tão insossas. Mas esta semana a coisa estava impossível. Meu
dilema era o que fazer entre os sexshops kosher e o ungido, este dos
evangélicos; a nudez dos turistas que, segundo o governo malaio, causou um
terremoto que abalou uma montanha. Todos os assuntos deveras interessantes, mas
voltarei a eles noutro momento.
Correndo por
fora, veio com força a reforma política que os deputados e senadores, depois de
anos de enrolação, resolveram botar a mão na massa e realizá-la... do jeito
deles. Que maneira de se falar dessa reforma que os ilustres legisladores
insistem em dizer que será a melhor para a sociedade?
A assembleia
entre os bichos da fazenda havia começado. Sim, copio descaradamente a ideia do
George Orwell em a Revolução dos Bichos. Façamo-lo à brasileira.
O problema é
que o galinheiro sofrera vários ataques. Era um tal de Mensalão pra cá, Lava
Jato pra lá, sem contar um monte de coisinhas igualmente nocivas, mas não tão
famosas que, mesmo assim, consumiam tudo das penosas. As grades do galinheiro
estavam furadas, a porta arrombada e sem conserto há anos. A casinha para as
galinhas dormirem, construída na época do BNH, era só goteira. Mas havia quem
cantasse “chão de estrelas” para disfarçar a penúria.
Um impasse:
não havia verba para tanto reparo. As galinhas punham seus ovinhos ao relento.
Alguém passava para recolher os ovos em dia e hora certa em ponto e não tinha
moleza de diminuir a quantidade, parcelar os ovos, só aumentavam a cota. Não
havia cloaca que aguentasse por tanto ovo e nem um unguentozinho para aliviar o
esforço.
Eis que surgem
umas raposas muito simpáticas e se ofereceram para arrumar o caos instalado.
Tinham resposta para tudo e soluções idem. Tudo em favor da galinhada que,
apesar de certa desconfiança a princípio, logo começaram a acreditar nas
lorotas. Uma raposa prometeu diminuir a quantidade de ovos arrecadados. Outra
sinalizou que a questão da segurança era com ela. E ainda outra disse que novas
normas no galinheiro premiariam uma vida de esforço, se é que me entendem, na
produção dos ovos. Ao final de tudo, nada de panela, essa coisa monstruosa e
selvagem. Só milhinho mole e espaço para ciscar.
Que as
galinhas deveriam votar nas raposas. Porque eram experientes, como entende o
Pelé. Que continuaria o voto proporcional para dar chance aos Tiriricas. Que se
manteria obrigatório este ato cívico. Que se mudaria a idade de novas
raposinhas trabalharem feito escravas para as galinhas, mas é porque seus
filhinhos ou apadrinhadinhos deveriam ralar em favor do galinheiro mais cedo. Só
isso. Que se acabaria com esta marmota de reeleição para a gerência do galinheiro
– que deveria ser sempre uma raposa, desde que ela fosse de cor diferente da
anterior –, mas o mandato aumentaria.
As galinhas, com aquelas
caras parvas, bico aberto, viravam a cabeça de um lado e outro como a assuntar
para entender tudo com seu cérebro galináceo. As raposas contentes riram-se
umas para as outras. Repetiram todas juntas que faziam tudo aquilo em favor das
galinhas por puro amor a elas, em prejuízo pessoal. Já estava tudo acertado.
Quem bancaria as eleições, que empresas fariam os trabalhos de reparo do
galinheiro, tudo licitado nos conformes e que os recursos que financiariam a
realização deste desenvolvimento ímpar, já estavam contabilizados e aprovados
devidamente pelo TSE, TCU e o que mais ainda fosse criado para vigiá-las. Esse
lugar é um paraíso(polis).
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