O ex-deputado Pedro
Corrêa (PP-PE) foi ouvido nesta terça-feira (12) pela CPI da Petrobras para
falar sobre a suspeita de ter recebido cerca de R$ 5 milhões para recursos de
campanha de uma candidatura à Câmara Federal. Preso após condenação no
julgamento do mensalão e suspeito de envolvimento no esquema descoberto pela
Operação Lava Jato – que o levou a ser encaminhado para a carceragem da Polícia
Federal em Curitiba–, Corrêa resumiu sua situação na CPI da Petrobras dizendo que
poderia sair dali "tripreso".
Fonte: UOL (15/05/2015)
Nem o Supremo,
com sua sanha legisladora, fora capaz de pensar ideia tão sofisticada. Dizer
que as duas casas legislativas também não pensaram em tal dispositivo para
engendrar uma lei, dispensa dizer também.
Não por que sejam burros, mas porque não se atira no próprio pé. Diga-se
tudo de seus componentes, mas que sejam virgens suicidas, isso não.
Às vezes, as
ideias mais incríveis são fruto do puro acaso, mas, de certo, de uma mente com
algum brilho para percebê-la ali entre o xerém de ideias ridículas que infestam
as nobres cabeças de nossos legisladores. Se bem que, a ideia surgiu de um
ex-deputado. Um homem ímpar. Nascido e moldado à perfeição no mister de suas
excelências, a saber: ser membro de um partideco de aluguel, eleger-se com
parolagens, achacar o Executivo, fazer trambicagem com estatais e enriquecer
através de inúmeras e criativas formas que o cargo permite. Tudo isso era como
respirar para Pedro Correa.
Num lampejo,
não de genialidade, mas de puro realismo e uma pitada de cinismo, ele se
encaminhava para mais uma das dezenas de sessões de perguntas sobre suas
traquinagens e concluiu, como quem foi tocado pelo deus Heureka: “o máximo que
pode me acontecer na CPI, além de ser bipreso, é ser tripreso”. Eis um homem
especial. Transita entre os dois maiores escândalos da República, foi condenado
pelos dois e conseguiu, inclusive, driblar uma das condenações, pois não só não
trabalhava em sua prisão, como foi pego bebendo num restaurante, o que não
podia fazer. Só a parte da bebida alcoolica, por suposto, a bem da moralidade
na esculhambação que é este país.
Mas no que
consiste alguém ser bi ou tripreso? Simples. O sujeito recebe duas condenações
ou mais conforme o prefixo indica. A gente pode especular que se enjaulasse o
indivíduo dentro de uma caixa e esta noutra, como uma matrioska. Aqueles
pequenos sarcófagos russos em que se encontra uma boneca e outra dentro e
outra... assim ad infinitum.
Nos EUA
pode-se receber três sentenças ou mais, sendo que uma delas ou duas, podem ser
perpétuas mais vinte e cinco anos, por exemplo. É hilário. Em terras de Vera
Cruz, se adotaria a nomenclatura como as vitórias em um campeonato de futebol.
Como temos certa disposição de achar que preso é tudo coitadinho e vítima da
perversa situação socioeconômica, damos um tratamento politicamente correto à
palavra. Já imaginou? Cada preso pode competir com seu companheiro ou torcer pelos
mais notórios. Entre políticos, funcionaria como uma marca que atestaria quão
eficiente o sistema judiciário estaria trabalhando.
A depender da
quantidade de campeonatos, quero dizer, prisões a que um réu fosse submetido,
estaríamos na prática instituindo a prisão perpétua, mas para não incorrer em
tal desmantelo, as prisões não poderiam passar de seis meses, com todos os
direitos proporcionais de tempo para as progressões de regime. Como forma de
amenizar este flagelo aos políticos, seriam mantidas todas as vantagens da
deduragem.
Ocorre-me que no presente momento,
parece que um político ser preso está se tornando de marca de vergonha em
dragonas de batalhas vencidas. Medalhas que o Mutley recebia do Dick Vigarista.
Um político deve sentir orgulho como o faz Pedro Correa. Para que pudor, se ele
tão somente foi exímio na arte? Para que o rubor na face se ele cumpriu seu
papel habilmente? É um sortudo. Um gênio entre os seus pares. Uma estátua já
para o Pedrão!
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