domingo, 17 de maio de 2015

Uma estátua já para o Pedrão!



O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) foi ouvido nesta terça-feira (12) pela CPI da Petrobras para falar sobre a suspeita de ter recebido cerca de R$ 5 milhões para recursos de campanha de uma candidatura à Câmara Federal. Preso após condenação no julgamento do mensalão e suspeito de envolvimento no esquema descoberto pela Operação Lava Jato – que o levou a ser encaminhado para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba–, Corrêa resumiu sua situação na CPI da Petrobras dizendo que poderia sair dali "tripreso".

Fonte: UOL (15/05/2015)

Nem o Supremo, com sua sanha legisladora, fora capaz de pensar ideia tão sofisticada. Dizer que as duas casas legislativas também não pensaram em tal dispositivo para engendrar uma lei, dispensa dizer também.  Não por que sejam burros, mas porque não se atira no próprio pé. Diga-se tudo de seus componentes, mas que sejam virgens suicidas, isso não.
Às vezes, as ideias mais incríveis são fruto do puro acaso, mas, de certo, de uma mente com algum brilho para percebê-la ali entre o xerém de ideias ridículas que infestam as nobres cabeças de nossos legisladores. Se bem que, a ideia surgiu de um ex-deputado. Um homem ímpar. Nascido e moldado à perfeição no mister de suas excelências, a saber: ser membro de um partideco de aluguel, eleger-se com parolagens, achacar o Executivo, fazer trambicagem com estatais e enriquecer através de inúmeras e criativas formas que o cargo permite. Tudo isso era como respirar para Pedro Correa.
Num lampejo, não de genialidade, mas de puro realismo e uma pitada de cinismo, ele se encaminhava para mais uma das dezenas de sessões de perguntas sobre suas traquinagens e concluiu, como quem foi tocado pelo deus Heureka: “o máximo que pode me acontecer na CPI, além de ser bipreso, é ser tripreso”. Eis um homem especial. Transita entre os dois maiores escândalos da República, foi condenado pelos dois e conseguiu, inclusive, driblar uma das condenações, pois não só não trabalhava em sua prisão, como foi pego bebendo num restaurante, o que não podia fazer. Só a parte da bebida alcoolica, por suposto, a bem da moralidade na esculhambação que é este país.
Mas no que consiste alguém ser bi ou tripreso? Simples. O sujeito recebe duas condenações ou mais conforme o prefixo indica. A gente pode especular que se enjaulasse o indivíduo dentro de uma caixa e esta noutra, como uma matrioska. Aqueles pequenos sarcófagos russos em que se encontra uma boneca e outra dentro e outra... assim ad infinitum.
Nos EUA pode-se receber três sentenças ou mais, sendo que uma delas ou duas, podem ser perpétuas mais vinte e cinco anos, por exemplo. É hilário. Em terras de Vera Cruz, se adotaria a nomenclatura como as vitórias em um campeonato de futebol. Como temos certa disposição de achar que preso é tudo coitadinho e vítima da perversa situação socioeconômica, damos um tratamento politicamente correto à palavra. Já imaginou? Cada preso pode competir com seu companheiro ou torcer pelos mais notórios. Entre políticos, funcionaria como uma marca que atestaria quão eficiente o sistema judiciário estaria trabalhando.
A depender da quantidade de campeonatos, quero dizer, prisões a que um réu fosse submetido, estaríamos na prática instituindo a prisão perpétua, mas para não incorrer em tal desmantelo, as prisões não poderiam passar de seis meses, com todos os direitos proporcionais de tempo para as progressões de regime. Como forma de amenizar este flagelo aos políticos, seriam mantidas todas as vantagens da deduragem. 
Ocorre-me que no presente momento, parece que um político ser preso está se tornando de marca de vergonha em dragonas de batalhas vencidas. Medalhas que o Mutley recebia do Dick Vigarista. Um político deve sentir orgulho como o faz Pedro Correa. Para que pudor, se ele tão somente foi exímio na arte? Para que o rubor na face se ele cumpriu seu papel habilmente? É um sortudo. Um gênio entre os seus pares. Uma estátua já para o Pedrão!

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