A Polícia Militar (PM) apreendeu um pé de maconha enfeitado para o Natal
em Maringá, no norte do Paraná, nesta sexta-feira (8). A árvore estava bem
adornada: tinha várias bolas coloridas, papais noéis pendurados e botinhas
natalinas.
Fonte: Do G1 PR, em Maringá (08/12/2014)
Encostada num canto, havia perdido grande parte de
seu esplendor sobre o qual o jornal havia relatado. Ela não podia mais
suster-se de pé. Precisava ser encostada em algum lugar para que a foto pegasse
seu perfil por inteiro. Não sei se tiraram as duas fotos, a de perfil e a de
frente, prática típica da polícia americana. Talvez por uma atitude relapsa,
também não colocaram a placa que o preso deve sustentar com seu nome e data do
evento.
Arrancada literalmente de seu chão, jogada,
possivelmente, num camburão, quem sabe com outros meliantes sujos e sem
qualquer pudor. Devem tê-la bolinado, daí que foi perdendo seus adereços tão
adequados à época natalina. Era como uma roupa de festa a fantasia. Algo
parecido a uma duende ajudante do papai noel.
Magra e alta estava em seus verdes anos e era
chamada por seu companheiro de convivência de Sativa – era o nome da família –,
às vezes no diminutivo. Os truculentos policiais adoraram aparecer ao seu lado nestes
programas que vendem violência, como se ela fosse um animal caçado cujo corpo
era exposto para seus captores contarem vantagem. Ela estava longe de sua
melhor fase. Esquálida, parecia muito desidratada. Tiveram a decência, se é que
se pode dizer assim, de não algemá-la. Era triste porque passaria o Natal e ano
novo no xilindró.
Por falar em companheiro, aquilo era um traste. É
certo que cuidou dela quase desde sua infância, mas era um perdedor. Um sem
futuro desajuizado. Verdade também que ela se sentira muito bem enfeitada para
esta festa que toca tanto aos corações. Era seu primeiro Natal. Nunca imaginou que as pessoas tomariam como um
deboche, uma provocação. Jamais fora sua intenção causar qualquer mal estar a quem
quer que seja. Achou até engraçado ser chamada de “pinheirinho”, embora sua
aparência estivesse milhas distante da garbosidade e imponência de um pinheiro.
Foi tudo uma grande surpresa: participar da festa e
saber que era uma fora da lei. Uma espécie de pária. Desconhecia o mundo e suas
maldades. Sabia que sua família, em priscas eras, prestara bons serviços às
pessoas. Isso contava sua avó que era benzedeira e fazedora de chás, unguentos
para um sem número de coisas e ainda era artesã: confeccionava cordas e tecido.
Mas quem se importava com passado tão prestimoso?
Não as forças de segurança que, como diz Mia Couto, só cumpre ignorâncias. Ela
não sabia o paradeiro de seu antigo cuidador. Afinal, o que se pode esperar de
um indivíduo que se declara, ao ser perguntado pela atividade profissional,
assaltante de residências? Rompeu ela em pequeno discurso. Típica honestidade
burra a dele. Quem diz isso de si? Logo ele, que não passava de um pé rapado do
crime. Enfim, entre os presos se dizia que poderia pegar até 15 anos de cadeia.
Achei muito, pois se fizera mal, foi manter-me em cárcere privado, coisa que
agora não ligo nem um pouco. Tivemos alguns bons momentos. Não tenho síndrome
de Estocolmo se querem saber. Sou caseira e como eu, agora sei, há muitas
colegas minhas em igual situação. Só não gosto da fama ruim que ignorava
totalmente. E um pode ser denegrido, sofrer preconceito por ser o que é? Taí
que eu não sabia. Mas a vida é como é. Paciência.
Meu
destino aqui é uma incógnita. Mas certamente, eu sou a vítima. Aqui é o caso de
inversão dos fatos. Dizem que meu antigo companheiro vive entorpecido pela
convivência comigo e que tem larica, além de um tipo de “abestadismo”, o que
explicaria sua vida vagabunda e de delitos. E eu com isso? Mas sou acusada de,
sei lá, hipnotizá-lo ou coisa parecida. Vejam só o tipo de absurdo a que
chegamos! Só falta o pessoal do petrolão alegar insanidade temporária para
justificar o assalto que perpetraram.
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