Se
as coisas não estiverem cheirando muito bem, talvez seu tempo no mundo esteja
chegando ao fim. De acordo com um estudo feito por pesquisadores da
Universidade de Chicago, nos EUA, problemas no nosso olfato podem indicar que a
morte está próxima.
Fonte: Gizmodo
(UOL) (06/10/2014)
Outro dia uma
pesquisa esclareceu que nosso nariz é capaz de reconhecer um trilhão de
cheiros! De repente, o nariz passou a ser objeto de investigação, acho que
retirando-o de um certo ostracismo científico, porque estético parece não ser
necessário. Os cirurgiões plásticos que o digam. Sem contar a sabedoria popular,
meio fora de moda, de que homem narigudo teria também vantagem centimétrica em
certa parte anatômica.
Fora disso,
não se vê o nariz sendo cantado em verso e prosa. Ele está lá, na maioria dos
casos, anônimo, diluído na paisagem do rosto. Goste-se ou não do formato e
tamanho, o nariz pode ter personalidade e até algum charme, mas os olhares, ao
fim e ao cabo, vão se debruçar sobre outros lugares. Convenhamos, um nariz fora
de contexto é uma esquisitice só. O pau da venta e dois buracos. E tem aqueles
que parecem se exibir não só porque se lançam para frente como aríetes, mas
porque arreganham os orifícios. Alguns destes possuem até asas laterais que
mesmo em respiração basal se movem como se quisessem alçar voo.
Minto. Não tem
parte mais evidente e trabalhosa do que nariz numa gripe. O meu cresce e distorce.
É raro ficar gripado, então poucas pessoas no mundo o viram neste estado de
lástima. Cresce tanto que o olho diminui. Fora os rios de gosma que produz.
Então ele se irrita e ora entope um lado, ora outro. Às vezes, só pra
contrariar, entope os dois lados no que pode levar um à beira da loucura ou da
morte por asfixia. Coça como se desembestasse sem saber mais para que
serve.
Haverá um
parafílico pelo nariz? Tem gente que tem tara por pé. Machado escreveu um livro
inteiro sobre o tema e a confusão que dá de olhar só o pé e não olhar a cara.
Isso só pra dizer uma parte do corpo não muito convencional quando se trata da
área sexual. Mas a lista é grande. Tem até coprofílico. Haverá uma seita
secreta de adoradores de nariz? Se há, é tão secreta que ninguém nunca
viu.
Tem aqueles que
os gostam deles não depilados. Os tufos saltam para fora como capim seco
crescido. Uma mata emaranhada que dá uma sensação de gastura. Não terá falta de
ar, a criatura? Até para tirar a meleca pede uma operação de desmatamento,
imagino que com licença ambiental. Falar em meleca, reza a lenda que o segredo
do técnico alemão na copa do Brasil, inclusive com cheiros de mandiga, é comer
a própria meleca. Foi flagrado mais de uma vez no ato. Pelo sim, pelo não,
deram uma surra nos brasileiros de 7 a 1.
Deparo-me
agora que o nariz, ou melhor, o olfato confuso ou diminuído é garantia de que o
desolfatado caminha incontinenti para a morte. A pesquisa chega a dar prazo e
relação de proporção: a incapacidade de cheirar direito indica chance de morrer
nos cinco anos seguintes e que esta profecia científica se realiza três vezes
mais entre os descheirados do que entre aqueles que cheiram tudo.
Não consta que
meu singelo e protuberante nariz tenha falhado ultimamente, ainda que não
queira sugerir nem de longe qualquer outra intenção com esta história de falha.
Até me gabo de ter um nariz mofino a cheiros estranhos e também aos bons
cheiros. Mas fiquei meio ressabiado. Então o indivíduo é submetido a um teste
de alguns cheiros e ao não conseguir identificar ou se confundir, como se fosse
um disléxico olfativo, pode encomendar o caixão.
E agora? Lembrei que errei
cheiros. Me confundi. Será? Não erraria os olores do teste: laranja, peixe,
rosas e hortelã-pimenta. Mas um errinho conta? Um erro com nariz entupido
conta? Uma distração nasal? Estava ocupado com outros cheiros e quando me foi
perguntado, atrapalhei-me e errei. Ah, isso para desespero do testado a
reportagem não explica.
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