terça-feira, 10 de abril de 2012

Dia de cão


Dois policiais arrombaram um carro para salvar um cão que estava dentro do veículo. Mas, ao quebrar o vidro da Mercedes, a dupla descobriu que o animal era de pelúcia, segundo reportagem da emissora "ITV".
O proprietário Gordon Williams, de 80 anos, contou que, quando voltou para pegar o carro, encontrou o vidro quebrado e um recado: "Quebramos o vidro por preocupação com o animal que estava no banco traseiro".

Fonte: G1 (03/04/2012)
As coisas mais estranhas acontecem. Já imaginou ser salvo quando você não quer? Sei que há pais idiotas e que continuam deixando seus filhos dentro dos carros para morrerem asfixiados e torrados, vá se entender. Resultado: uma histeria generalizada. Já ouvi dizer que tentaram salvar pacotes que estavam no banco de trás de veículos. Sabe o que é mobilizar quase um batalhão de bombeiros para resgatar um pacote? Vamos que a intenção seja boa, mas burrice tem limite, ou não? Para resumir, não era o meu caso. Até que curto ficar dentro do carro. Vigio, por assim dizer.
Talvez os dois policiais patetas – o que para muitos destes caras juntarem policial e pateta na mesma frase é quase um pleonasmo – quisessem mostrar serviço, sei lá... Esperavam uma medalha por um ato heróico: salvar um pobre coitado preso no carro por algum desalmado. Umas bestas!
Mas é claro que protestei. Disse que não era o caso, que me deixassem em paz na minha soneca, que o motorista tão somente foi fazer uma pequena compra e já estava de volta. Fizeram ouvidos moucos. Arrodearam o carro várias vezes. Será que procuravam uma brecha? Diziam que me acalmasse, que respirasse devagar, que mantivesse a cabeça baixa. Aqueles dementes achavam que eu estava num incêndio?! Expressei-me de todas as maneiras que sei, inclusive com negativas veementes. Eles acharam que eu estava tendo um troço. Quer dizer, quanto mais eu dizia que não fazia falta salvação nenhuma, mais eles se afobavam.
De repente, cada um de um lado das portas traseiras, com as mãos em concha para poderem enxergar dentro do carro, passaram a dizer coisas completamente ininteligíveis. Depois de um tempo entendi que falavam comigo e não entre si. Foi meio assustador. Enfim, queriam que abrisse a porta do carro. Neguei-me. Por que o faria?
O baixinho, entroncado - parecia o cérebro da dupla - mandou que o outro se afastasse. Acho que nessa hora ele perdeu a paciência comigo. Não podia entender porque eu não queria ser salvo. Pensei: meu Deus! O idiota vai atirar no vidro comigo dentro. Menos mal que não o fez. Ele atirou-se contra o vidro como quem queria derrubar uma porta. Apenas que as portas dos carros abrem para o lado oposto ao que ele se fazia de aríete. Uma anta.
O ápice da celeuma se deu quando o maior ergueu um verdadeiro tronco e sapecou contra o vidro. A coisa explodiu como pelo efeito de uma granada. Agarram-me de sopetão me atiraram ao chão e o baixinho começou a fazer massagem cardíaca em mim e... eca!! Respiração boca a boca. Foi o fim. De repente ele mesmo saltou estarrecido. Dei graças a Deus, mesmo que não estivesse entendendo nada. Ele cuspiu e tentava retirar como se fossem pelos da língua.
O grandão correu ao seu encontro, ergueu-o. O baixinho disse coisas impronunciáveis – não cabe nesta coluna – ao grandão que quedou-se com sua cara de parvo como que anestesiado. Só então descobriram quem eu era: um pet de pelúcia.  Deixaram um bilhete sobre o prejuízo ao motorista e foram embora. Que débeis...

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