Um suposto roubo levou
a polícia a descobrir um caso de assassinato forjado em Pindobaçu (BA). Segundo
a Polícia Civil, o homem que havia sido contratado para o crime desistiu do
assassinato, cobriu com ketchup o corpo da mulher que seria sua vítima e ficou
com os R$ 1.000 pagos pelo serviço.
Fonte: Folha de São Paulo
(21/09/2011)
Todos já nos acostumamos com as
famosas subcelebridades que enfestam programas de gosto absolutamente duvidoso
na tv e as revistinhas de mexericos de coisas descartáveis, desinteressantes,
inúteis como a mudança da cor de cabelo
daquela atriz que ninguém nem lembra o nome.
Entre esta miuçalha de “artistas”
sempre houve mulheres, as “gostosas” toda sorrisos, pouca roupa e nada mais.
Personas cujos principais atributos são as partes pudendas que elas amostram
sem a menor cerimônia onde for. Verdade que ultimamente, depois da Tiazinha
(lembram dela?), elas cantam funk, ainda rebolam e se submetem a exames de câmeras indiscretas
de baixo arriba. Com estas tvs lcd e led é quase como se estivessem na sua
sala.
Uma variante deste seres de vida
curta como uma aleluia, são uma espécie de evolução feminina. Os glúteos são
descomunais (pobre Rita Cadillac!). Peitos com litros de silicone. As pernas
apresentam coxas e panturrilhas bombadas e se alcunham com nome de fruta. Há de
tudo: melancia, morango, jaca, maçã, melão e tem uma alienígena, mulher filé.
O que faltava era uma mulher
ketchup. Jurema saltou de sua insignificância, do dia para a noite, para o
mundo do sucesso. Calma, leitor, não espezinhe seu juízo tentando imaginar o
que leva alguém a ser alcunhado com algo tão inusitado.
Não em desfavor de Jurema, mas a
bichinha é uma bisca. Dizem as más línguas do cordel da feira que Jurema andou
se saracoteando para um certo sujeito cuja esposa não ficou nada feliz.
Jandira, assim se chama a esposa, é mulher passionalíssima. Dona de um ciúme
patológico. Sem mais lero lero, contratou um ex-presidiário para dar cabo da
enxerida em seu casamento.
Tião, sujeito estúpido e mau
caráter, até queria se endireitar. Mas, recém saído de uma cana de cinco anos,
estava meio que sem grana. Emprego ele não cogitava por que além de ser um ajé,
nunca gostou de criar calo nas mãos. Aliás, mantém as unhas impecáveis, com
brilho, por suposto.
Com faca ou à bala? Só quero a
mulher fora do meu caminho, respondeu Jandira. A senhora não tem preferência?
Não, resmungou meio desconfortável. Feito o acordo, acertou-se que a encomenda
custaria R$1.000,00 à contratante. Pagos de uma vez. Tião dava garantia do
cumprimento. Qual era o pedaço que a dona queria, perguntou meio que de chiste
e maldade? Uma orelhazinha, um dedo... Jandira declinou da prova.
Recebido o pagamento, Tião foi ao
encalço da desditosa vítima. Dia inteiro tocaiando e na hora agá, eis que nosso
desesperado homicida é surpreendido. Jurema era velha amiga, um rolo, amizade
colorida, um velho xodó. Jurema, como é que tu te meteu nisso, sua doida? Por
que tu num deixou o homi da outra em paz, diaba? Cavalo amarrado também pasta,
respondeu e deu uma gaitada. Não disse que essa Jurema é o capiroto!
Quero vê tu ri agora. A mulher me
contratou pra te matar. Jurema perdeu o riso no meio da boca. Reuniu alguma
coragem e perguntou: por quanto? Milzinho. É muito dinheiro! Eu não posso
perder este negócio. Ô Jurema, e agora o que que eu faço? Larga de sê besta. Tu
finge que me matou e manda uma foto. E o sangue? Tem que tê muito sangue, e
minha fama de matador, como é que fica?
Jurema foi lá dentro e já veio
toda ensaboada de ketchup. Bota a faca aqui, entre o braço e o bucho. Pronto! Amarra.
Amordaça e tira a foto com o celular. Tião estav embasbacado com a esperteza de
Jurema. E aí, como é que fiquei, perguntou ela, puxando o celular para ver.
Vixe, tô mortinha! Ê, quanto é que eu ganho? Cem? Que cem o quê? Duzentos. Tá
feito! Ô bicha perigosa, é por isso que gosto de tu.
Dali, Tião foi mostrar à
contratante que ficou por demais satisfeita. Não havia dúvida, aquela sarfadana
estava mortinha da silva. Sentiu nojo, mas não conseguia tirar os olhos e, no
fundo, se deliciar com a morte bem matada daquela fuleira. Ô dinheiro bem
gasto, disse. Cuspiu o chão em sinal de desprezo: Quenga!
O reencontro entre Tião e Jurema
em condição tão desesperante acendeu uma fagulha entre eles. De repente, os
dois eram só love. Jurema, eu tô doidim por tu. Tião, até que tu num é de se
jogar fora. Os dois andavam para cima e para baixo. Dias depois, foram à feira
comer um chambaril e deram de cara com Jandira com a sacola de compras.
Os três ficaram paralisados.
Jandira fez um escândalo e saiu dando rabanada. Seu ódio agora era duplo. Logo
apelidaram Jurema de mulher ketchup. Até jornal do sul deu cobertura. O
prefeito ficou feliz porque sua miserável cidade ficou conhecida. Achou boa a
fama. Pensa em fazer uma praça e colocar uma estátua da cena de Jurema morta.
Jandira, soltando fogo pelas
ventas, foi direto à delegacia dar parte de um certo Tião que lhe tinha roubado
R$1.000,00. O delegado mandou fazer averiguações e prendeu Tião por via das
dúvidas. A história se revelou outra coisa. Mas Tião ainda estava no xilindró e
só queria saber de uma coisa: Dotô, vô tê direito a visita íntima da Jurema?
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