Por conta do aumento da taxa de
divórcios no país, as autoridades postais chinesas criaram um serviço no qual
as cartas de amor são entregues apenas sete anos depois de enviadas. O objetivo
do serviço é fazer com que o parceiro receba a correspondência em um momento em
que a relação esfriou e possa reacender novamente o amor.
Fonte: Do G1, em São
Paulo (14/09/2011)
Algumas coisas,
embora pareçam simples, exigem extrema organização e planejamento. Funcionarão
em alguns lugares, em outros, como o Brasil, país que tem uma queda pelo
improviso, será no mínimo, avacalhada. Basta ligeira investigação histórica e
já nos damos conta que nossa descoberta foi farsante, o grito de independência
foi entre a capital e a casa da amante do gritador. O império era meia boca, a
proclamação da República foi um convescote do atraso. E o que falar da política
nacional? E, aqui entre nós, alguém acredita que o país estará pronto para a
Copa de 2014?
Calma, não
desanco nossa briosa nação por não ter o que fazer, constato fatos. Os Correios
estavam em crise. A inspiração veio da China. País que tem gente como formigas
e com a mesma determinação soldadesca. Logo, se dizem que entregam uma carta a
uma pessoa sete anos depois, eles entregam.
A ideia é simples e bem
intencionada. Aparentemente, todos os casais vivem a síndrome dos sete anos. O
Estado chinês, preocupado com o aumento dos divórcios, decidiu que os correios
vermelho daria uma forcinha. O casal escreveria uma carta endereçada ao seu
respectivo cônjuge, logo que casassem, mas só seria entregue sete anos depois!
Por que estava preocupado o formigueiro chinês? Eles tem a regra de filho único
por casal, mas com o crescimento econômico, começa a faltar braço, quero dizer,
mão-de-obra. Se as pessoas se separam, como é que vai ficar?
Depois da greve dos correios
brasileira, resolveu-se fazer uma promoção. Sei lá, mostrar que os correios
participam da vida das pessoas. Um olhar saudosista para um passado em que as
pessoas sabiam escrever e se escreviam. Nada de “naum”, “bj”, “vc”, etc. O
princípio era o mesmo, com um detalhe, os correios brasileiros não estavam
interessados em salvar o casamento de ninguém.
Surpresa. Uma enxurrada de cartas
chegou aos correios pelo serviço da entrega em sete anos. Onde armazená-las? E
se a pessoa mudasse de endereço? Que dispositivo seria usado para alertar que
uma carta específica havia chegado ao prazo e deveria ser entregue? Ninguém
havia pensado nestes aborrecidos detalhes. Sem plano, o resultado foi mais ou
menos este:
Você não acredita em mim?
Interpelou a mulher. Eram recém-casados. O homem, atônito, não sabia responder.
Ela jogou a carta em sua cara. É assim? Nem bem casamos e você já pede para
enviarem a carta? Mas eu... Nada. Soluços. Está tudo acabado, não posso ficar
com quem não confia em mim. Você acha que sou uma tresloucada que precisa ser
lembrada de meu compromisso. Mas eu não disse isso. A cara do homem era de
desolação.
Quem é este cara? Como assim?
Quedou-se assustada a mulher. Este cara da pintinha no rosto? Não sei. Ela
procurava desesperadamente alguém conhecido com uma pintinha no rosto. É amigo
do trabalho? Não. Não sabe? Que conversa é essa de “nosso amor será eterno”? O
correio entregou a carta no endereço errado,
mas aí, o estrago já estava feito.
Meu amor, disse a mulher toda
dengosa, chegou uma carta para você. havia passado quase sete anos e, incrível,
a carta foi pontual. E eu lá recebo carta. Recebo email. Torpedo. Só pode ser
cobrança. Não é não. Duvido. Deixa eu ver. Abriu a carta, leu a primeira frase.
“Daqui a sete anos, quando você receber esta carta, saiba que meu amor
continuará igual como hoje...” Não disse que era cobrança?
A mulher verificava a caixa
postal todos os dias. O homem desconfiou. Deve estar me traindo, pensou. O que
faz esta mulher esperando o carteiro todos os dias? Espera algo que não quer
que eu saiba, especulou lá com seus botões. Valha-me, me trai com o carteiro.
Nunca gostei dele, este farsante. Contratou um detetive. Instalou câmera.
A mulher continuava esperando o
carteiro, trocavam poucas palavras. Ele balançava a cabeça em negativa, ela
entrava. Ela assedia o carteiro, concluiu. Ela esperava a carta do marido
escrita sete anos antes. De manhã, ele bebeu o último gole de café e disse: vou
me divorciar. Ela ficou muda. Eu sei de tudo sobre você e o carteiro, arrematou
ele.
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