domingo, 15 de agosto de 2010

O homem e o pé de ervilha

Médicos que tratavam um americano hospitalizado por problemas respiratórios nos Estados Unidos descobriram que o paciente tinha uma ervilha brotando e criando raízes em seu pulmão. O pé de ervilha media 1,25 cm de tamanho.
De acordo com o jornal The Boston Herald, Ron Sveden, de 75 anos, vinha lutando contra um enfisema pulmonar por meses quando sentiu uma piora em seu estado físico.

Fonte: BBC Brasil

Cabeça de ervilha, Floresta Amazônica, Ervilhão, Pulmão de Folha, A Coisa, Pé de Ervilha e outros tantos apelidos tem sido a minha sina, doutor. Outro dia, eu estava na fila do supermercado. Um garotinho se aproximou e disse com aquela vozinha idiotinha (imita): o senhor é o homem que plantou ervilha no pulmão? As demais pessoas na fila riram. Suponho que da pergunta impertinente e sem pé nem cabeça que o menino fez. Acharam engraçadinho. Afinal, menino diz cada coisa. Mas para mim, não é nada engraçado.
Agora, como é que o diabo daquele menino sabia? Sim, foi pelo inusitado do acontecido. Um caso raro, sim, senhor. Deu nos jornais. Dizem até que um médico contrabandeou o pé de ervilha da sala de cirurgia, replantou em lugar insabido e depois vendeu as ervilhas produzidas no Ebay ou fez um leilão, sei lá. Sabe qual era o mote? Ervilhas da juventude: uma aberração genética, o novo Cocoon. Dava a entender, como é possível notar, que as tais ervilhas sofreram mutação genética e que poderiam dar longevidade. Ganhou um dinheirão às minhas custas. Um pilantra rematado. É possível que depois de Mendel, nunca as ervilhas foram tão faladas. Sim, porque no sentido culinário é coisinha insípida, não tem gosto de nada, é uma bolinha macenta asquerosa.
Quer dizer, passei um tempão sofrendo do pulmão. Diziam que era efisema. Evoluiu para suspeita de câncer. Isso tudo para nada. Eu até estava preparado para o diagnóstico ruim, juro. Mas não estava preparado para um pé de ervilha dentro do meu pulmão. Isso não, doutor. Pior ainda. A repercussão me fez famoso, notado e isso ninguém aguenta. Preferia a tosse seca. Preferia a “doença”. Pelo menos eu era normal.
Digo sem medo. Meu estado agora é pior que o primeiro. Talvez o senhor não acredite, mas não sei quantas vezes, perguntado pelo meu próprio nome, me dá um branco. Sabe qual o primeiro nome que já me veio à mente? Ervilhão, Ervilha... Uma única vez, atrapalhado, eu respondi: Cérebro de Ervilha, a seu dispor. O senhor que entende destas coisas de cabeça, é ou não é um caso grave, este meu?
Por último, além destes lapsos desconcertantes, estou vendo partes minhas como se estivessem esverdeadas. Uma pessoa tem daltonismo depois de velho, doutor? O mais constrangedor, no entanto, é na minha vida sexual. Pela idade, a coisa já está difícil. Dei para pensar que tenho duas ervilinhas lá. O senhor sabe. Precisa dizer? E não para por aí. Ainda sou um homem semi-novo. E se der um azar e minha mulher pegar filho? Será que ela vai parir um pé de ervilha? Sei lá. Depois do que aconteceu comigo, não duvido de mais nada. 

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