O ápice da tensão ontem (06/08) foi um bate-boca entre o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ambos muito nervosos. No momento, Sarney presidia a sessão.
Fonte: Folha de São Paulo.
Junielisson Silva, lavrador, chamou os vizinhos, estava acelerado. O Brasil está sendo invadido pelos gringos. Bem que nosso presidente falou no rádio. Esturdia ele disse que os estrangero estavam querendo montar umas tar de base, tudo malintenção. Estendeu a mão. Ó, tô me tremendo todim. Agorinha tava mexendo no botão e ouvi, juro por esta luz que me alumeia. O que que tu ouviu home? Eu acho que era um dos nosso, xingando um coroné deles. Ele disse ansim: “Coroné de merda! Seu merda!” Esse brasileiro é valente, qual é a patente dele? Sei não. Só pode ser generar.
Mais quem se benzeu: Valhame nossinhora, será que a guerra chega aqui? Vamo ouvir mais. Deixa eu achar a estação. Rodou pra lá, rodou pra cá. “Jagunço, coronel de araque!” Tão vendo? O negócio tá é feio. Mas, perguntou o amigo: num seria mió dá logo um tiro no inimigo? Esse negócio de ficar só se xingando num resorve. O que resorve é revorve. Num é mermo, Ditim, também acho. Oxe!
Tão brigando mais. “Vossa Exa. é um zero. Não respeito Vossa Exa.” “Pois eu também não respeito Vossa Exa.” Urra, Junielisson, os home são muito educado, é um tar de Vossa Insolência pra cá, Vossa Insolência pra lá. E é? Num tô dizeno. É ansim que se chama otoridade. Meu avô disse que na guerra grande de 40 não era essa moleza não. Tudo era na bala, bomba, facada. Pois num é...
“Não aponte este dedo sujo pra mim. Não vou suportar mais suas ameaças.” “O dedo sujo aqui é o de V. Exa. São os dedos dos jatinhos que o Senado pagou”. Jatinho? Senado? Ô Junielisson, essa guerra aí tá fraca. O que será Jatinho e Senado? Sei lá. Deve de ser arguma posição que eles querem tomar do outro, né não? Deve de ser.
“Pelo menos era com o meu dinheiro. O jato é meu. Não é o que o sr. anda, o dos seus empreiteiros”. Vôte, acho que esse jato é uma arma. Será? E tu já viu guerra sem arma, Junielisson? Tem razão, Ditim. Psiuu! Vamo ouvir. “O que você disse? Repete, repete se tu for macho! Eita, agora vai cumê bufete. Droga de rádio, tá cu’a chiadeira dos inferno.
É esquisito, num se ouve um pipoco, nada. Será que isso é uma guerra mermo? Tá parecendo. “Vossa Exa. não repita mais o meu nome. E as palavras que Vossa Exa. disse quero que as engula e faça uso como achar conveniente.” Pegou pesado. Ô! Mas tabefe que é bom, necas. Num é?
“Vossa Exa. não tem moral para falar. É mais sujo que pau de galinheiro”. Gostei. É agora que o pau canta. Que nada, Junielisson, estes são uns embusteiros é só gogó. “O que é mais sujo que pau de galinheiro é o seu passado aqui nesta casa, escapou das falcatruas com golpe, teve que sair às carreiras para não ser cassado.” “Vossa Exa. é um delinqüente, homem sem brio.” Tô achando que disso num passa. Parece as mulher da vida brigando por home. Que nada. Aquelas lá são mais machas que esses aí. Fosse elas já tinham arrancado cabelo, dado mordida... Num é que é. Riram.
O chiado do rádio voltou. Trimmmm. Trimmmm. Deve de ser o sinal pros cabra ir na bordoada. “Está suspensa a sessão por cinco minutos”. Ahh, agora que pensei que ia esquentar... Já não se faz mais guerra como antigamente, né não? Ô!
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