Você tende
mais a subestimar suas habilidades e competências? Ou você as amplifica e superestima?
Dirige melhor, ama melhor, cozinha melhor, é mais esperto, mais engraçado,
mais...
Em qualquer
dos casos do espectro, possivelmente você seja vítima
do efeito Dunning-Kruger (David Dunning e Justin Kruger). Trocando em miúdos. Nós cultivamos um tipo de
superioridade ilusória ou inferioridade. Seria uma defesa contra nossa própria
ignorância sobre nós mesmos? Ou ainda uma compensação por nos sentirmos
inferiores ou inadequados?
As distorções cognitivas são tão fáceis de acontecerem
em nós que é, diria, quase impossível em algum momento não sermos flagrados em
alguma delas. Elas se mostram sutis, muitas vezes, ou são rombudas. A diferença
pode se dar no tamanho da ignorância ou do transtorno mental.
O que os psicólogos autores da teoria descobriram é
que quanto mais ignorantes somos sobre um tema, mais tendemos a parecer que
sabemos. Enquanto os que sabem tendem a minimizar seu saber numa espécie de
humildade modesta ou medo. Os ignorantes são afirmativos e parecem saber tanto
quanto os que sabem. Seria esta ênfase não uma assertividade, mas um tipo de
arrogância que ignora a si mesma?
Os autores
concluem que simplesmente não sabemos o que ignoramos. Mas algum tipo de
ousadia tola nos força a falar e falar como se soubéssemos, quando deveríamos
calar. Enquanto falam se distanciam cada vez mais da verdade dos fatos e já não
saberão onde estão errados, ou até se há um erro.
A mente do que não sabe, não é vazia. Olha que curioso!
É cheinha de ideias preconcebidas,
experiências, fatos, intuições, vieses e pressentimentos, além de conceitos que
importam de outras áreas do conhecimento. Com tudo isso, os
ignorantes constroem histórias e teorias que nos dão a impressão de ter um
conhecimento confiável. Eis como se monta teorias conspiratórias.
Quanto mais pensam em
seus pressupostos sem alicerce, mais se convencem de sua verdade. É como o
fanático para quem qualquer indício, alimenta a certeza, qualquer traço, prova
a sua verdade. Sua mente se torna impermeável à racionalidade. Quanto mais
convencidos, menos dispostos a se conectar com a realidade se tornam. Daí que a
evidência dos fatos pouco lhes importa.
O
efeito Dunning-Kruger prevê que estas verdades paralelas, podem se espalhar
entre todos como se fosse um vírus. A gente simplesmente acredita e reproduz
sem nunca perguntar: vem cá, esta ideia ou fato está baseada em que evidência
mesmo? Isso significa que o exercício da pergunta ao fato e/ou ideia e de nossa
própria percepção deve ser realizado continuamente, ainda mais quando a verdade
virtualizada é documentada com a concretude de milhões de repetições.
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