RIO — Depois do discurso que
pregava a “saudação à mandioca” e a distinção entre “homens e mulheres sapiens”
se espalhar nas redes sociais, outro trecho da fala da presidente Dilma
Rousseff gerou repercussão na internet. No fim do mês passado, na ONU, Dilma
sugeriu que era preciso criar uma tecnologia para “estocar vento”. O vídeo de
um minuto com a exposição do ponto de vista da presidente foi compartilhado no
Twitter e no Facebook, e agora virou motivo de piada.
Fonte: O Globo. Por Bruno
Góes (10/10/2015)
Há
coisas que se impõem. Urgenciam um olhar, uma fala, uma atitude que seja, pois
não atentar para o fato, é correr o risco de perder o bonde da história, ouso
dizer, da vida. Estes ditos acontecimentos podem ser hilários, mórbidos,
inusitados, horrendos, adjetivos que já justificam que se noticie, pois ninguém
ler, ouvir ou ver platitudes cotidianas.
Dilma,
que já nos brindou com um sem número de frases e exercícios mentais
inclassificáveis, agora nos ensina ou sugere como uma profeta com Alzheimer,
que se estoque vento. Não se chega a este primor de raciocínio ou visão
futurista, sem antes discorrer sobre a mandioca e suas multifacetadas
serventias. Não se adquire o apuro e refino de raciocínio sem ter descoberto um
gênero absolutamente inaudito, a mulher sapiens.
Assim,
além da subversão da lógica, do dadaísmo da formação das frases noutros discursos
mundo afora, corou sua trajetória com outro discurso indigente. Nele fundamenta
seu brioso saber sobre a produção verde de energia. Sua peroração se demora na
produção de energia hidrelétrica e a transmissão da energia pelas redes de
transmissão de lá pra cá, daqui pra lá (sic). Com apurado tino explicativo fala
daquela maneira que só ela sabe, as palavras se atropelam, os adjetivos se
repetem e a construção da ideia sofre por restrição famélica no vocabulário.
Água
se estoca, então poderia se estocar vento. Com ar professoral ela exemplifica.
Suponhamos que à noite vente mais. Como eu faria pra estocar esse vento?
Pergunta retoricamente. Perfeito. Ela lança a ideia e regozija-se com a própria
sapiência em plena entrevista coletiva em viagem recente que fez à ONU, pois
aconselha que o mundo inteiro seria beneficiado.
A
presidente é única mandatária de um país que precisa de um corpo de tradutores,
digamos, para seus próprios conterrâneos. Aqui a situação ganha ares de
inacreditável. Os blogs pagos pelo governo, auxiliares e paus-mandados diversos
trataram de explicar o que a presidente gostaria de ter dito, mas que não
disse, ou se disse, não o disse em português ou em qualquer outa língua
inteligente conhecida, pois está acima dos comezinhos conhecimentos da plebe.
A
“presidenta”, acorreu um explicador, quis se referir ao estoque do vento da
energia eólica produzida pelo vento que venta de noite. A “presidenta”,
apressou-se uma entendida qualquer, auxiliar para assuntos diversos, a remendar
o que o colega explicou e disse que o vento da “presidenta” deve ser estocado
para a posteridade para que as gerações futuras sintam seu odor e sejam
alumiados por sua sabedoria.
Ao
ouvir esta última explicação, seu Edinho do milhão – não é um milho grande –
exasperou-se com a indiscrição da colega, pois que aquele vento a que se referiu,
era assunto secreto e de um projeto que incluía uma fundação, uma biografia
explícita e em quatro dimensões da “presidenta”. Portanto parta depois de 2018,
data até quando ela pretende resistir, ainda que a bala como sugeriu o
presidente da CUT em cerimônia no Planalto ou lugar parecido. E reitero pra que
todos saibam: a “presidenta” não tem vento na cabeça. Ou não é cabeça de vento?
Algo assim.
Houve séria divergência entre a equipe de assistentes, os faz-tudo, os
faz-nada e os duzentos e cinquenta e oito negociadores com a base e alhures.
Ninguém sabia, afinal, o que quis dizer a “presidenta”, embora todos dissessem
ter entendido perfeitamente. Alguém disse que a fala precisava de uma versão,
pois os memes corriam soltos nas redes em verdadeiro acinte ao governo e à “presidenta”.
Alguém resolveu voltar à ideia fixa do partido, controlar a mídia. Esse é o
erro, deixar essa gente se expressando sem saber nem entender nossa mandatária.
Esta palavra foi recebida com apupos, mas o estraga-prazeres teve que
perguntar: e quem vai negociar com o congresso o cala boca virtual das zelites?
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