É quase certo que, a poucos metros de você, existe um vampiro se
alimentando. Ele pega a vítima, perfura sua pele e suga todos os seus fluidos
corporais. E esse processo leva apenas alguns minutos.
Fonte: Da BBC Earth, Michael Marshall. (05/11/2014)
Faz tempo que
vampiros não assustam. Ao contrário, se tornaram pop. A overdose de filmes,
séries e livros transformaram estes seres sedentos de sangue em heróis
adolescentes com milhares de espectadores e leitores. O medo mesmo, por mais
maldosos que os representem, acabou. Porque eles têm até, divagam alguns, um
sex appeal. Transbordam sensualidade, ainda que frios, desalmados e mortais.
Desconheço a
origem do mito. Não é, certamente, em Drácula de Bram Stoker. Desconfio que a
ideia tenha nascido dos vampiros reais que a natureza produziu. Sanquessugas
não somente são nojentas, como medicinais. Desde tempos imemoriais elas ajudam
com a sangria. Muriçocas fêmeas continuam atormentando o mundo tropical e
agora, acusam estudos, invadem latitudes ao norte do planeta por culpa de um
suspeito aquecimento global.
Morcegos,
possivelmente, são a verdadeira fonte do mito vampiresco. Monstros alados de
dentes afiados e cortantes como navalhas. Uma baba anestesiante que cumpre o
papel de não deixar o sangue coagular. Igual às suas colegas muriçocas. Eles,
de quebra, ainda podem transmitir o vírus da raiva que é mortal em quase cem
por cento das vítimas.
Amedrontador
mesmo é o inacreditável candiru. Peixe brasileiro que, normalmente, ataca seus
parentes vertebrados aquáticos, mas se homem ou mulher invadem águas infestadas
deles, eles alegremente penetrarão por qualquer orifício disponível, quero
dizer descoberto, e dali sugará o sangue da vítima infeliz. Os homens o temem
mais que as piranhas, sem trocadilho, parece que eles tem predileção pelo canal
uretral. Argh!
Eis que
descubro que existe uma turma de amebas, já velhas conhecidas dos cientistas,
às quais deram o simpático nome de Vampyrellidae. Por óbvio, está sugerido como as parasitas se alimentam. O que choca
é que são capazes de atacar seres muito maiores que elas e sugar todo seu
líquido interno, não necessariamente sangue. Admira a rapidez e voracidade das
mimosas criaturinhas. Se uma não consegue ou está em estado famélico, funde-se
em tal abraço com uma sua colega que se tornam uma e vão para cima do alvo.
Desando. Aula sobre
vampiros não é exatamente o que vocês esperam num domingo nesta coluna. Mas é
que, de repente, me dei conta da incrível metáfora que eles oferecem. Aliás, sobre
a politicanalha praticada nestes confins, cabe qualquer coisa que seja
repugnante, da moral e bons costumes à folha corrida da polícia. Alguns
minimizam e sugerem que eles apenas reproduzem aqueles que representam. Como se
fossem uma amostra permanente do entorno populacional. Eu diria da índole mesma
do brasileiro médio.
É fácil dizer: o governo
nos vampiriza, ainda que seja uma verdade inconteste. Mas este, pelo menos, se
disfarça de que, ao arrancar nosso couro com impostos, aplicará nos serviços do
país. Vá lá, que temos os piores serviços do mundo pelo preço que pagamos.
Agora, porém, os sacripantas têm insuspeitas caras de executivos. Os sevandijas
imitam as admiráveis amebas, juntam-se em conluio e nos consomem. Seres muitos
maiores que eles, como a Petrobras.
Os sabujos governam
auxiliados por seus pareceiros lacaios, mas que se chamam orgulhosamente de
partidos aliados. Instrumentalizam as instituições para sua colmeia maligna.
Absorvem até o ar que respiramos ou o empesteiam. Vendem-se, os encostados,
como defensores de uma abstração, o povo. Essa palavra que se presta para as
maiores sevícias na boca de patifes como os petistas e a ralé que os auxilia.
Estes vampiros das
forças e energias produtivas tem predileção por qualquer um que tenha sangue,
mas a classe média, por sua peculiar situação – não é pobre, portanto não tem
direitos sociais. Não é rica, por isso não consegue se amasiar com o poder nem
se defender dos impostos – são mais suscetíveis à virulenta ação desses
bandalhos.
Hoje, quer as ruas se encham ou não com os
indignados, é uma data para se comemorar. Não a democracia que os samexungas
adoram falar, mas o direito de sacudir a exploração que estes bernes, tapurus
infelizes de nossas costas doídas.
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