domingo, 15 de março de 2015

Xô, vampiros!

É quase certo que, a poucos metros de você, existe um vampiro se alimentando. Ele pega a vítima, perfura sua pele e suga todos os seus fluidos corporais. E esse processo leva apenas alguns minutos.

Fonte: Da BBC Earth, Michael Marshall. (05/11/2014)

Faz tempo que vampiros não assustam. Ao contrário, se tornaram pop. A overdose de filmes, séries e livros transformaram estes seres sedentos de sangue em heróis adolescentes com milhares de espectadores e leitores. O medo mesmo, por mais maldosos que os representem, acabou. Porque eles têm até, divagam alguns, um sex appeal. Transbordam sensualidade, ainda que frios, desalmados e mortais.
Desconheço a origem do mito. Não é, certamente, em Drácula de Bram Stoker. Desconfio que a ideia tenha nascido dos vampiros reais que a natureza produziu. Sanquessugas não somente são nojentas, como medicinais. Desde tempos imemoriais elas ajudam com a sangria. Muriçocas fêmeas continuam atormentando o mundo tropical e agora, acusam estudos, invadem latitudes ao norte do planeta por culpa de um suspeito aquecimento global.
Morcegos, possivelmente, são a verdadeira fonte do mito vampiresco. Monstros alados de dentes afiados e cortantes como navalhas. Uma baba anestesiante que cumpre o papel de não deixar o sangue coagular. Igual às suas colegas muriçocas. Eles, de quebra, ainda podem transmitir o vírus da raiva que é mortal em quase cem por cento das vítimas.
Amedrontador mesmo é o inacreditável candiru. Peixe brasileiro que, normalmente, ataca seus parentes vertebrados aquáticos, mas se homem ou mulher invadem águas infestadas deles, eles alegremente penetrarão por qualquer orifício disponível, quero dizer descoberto, e dali sugará o sangue da vítima infeliz. Os homens o temem mais que as piranhas, sem trocadilho, parece que eles tem predileção pelo canal uretral. Argh!
Eis que descubro que existe uma turma de amebas, já velhas conhecidas dos cientistas, às quais deram o simpático nome de Vampyrellidae. Por óbvio, está sugerido como as parasitas se alimentam. O que choca é que são capazes de atacar seres muito maiores que elas e sugar todo seu líquido interno, não necessariamente sangue. Admira a rapidez e voracidade das mimosas criaturinhas. Se uma não consegue ou está em estado famélico, funde-se em tal abraço com uma sua colega que se tornam uma e vão para cima do alvo.
Desando. Aula sobre vampiros não é exatamente o que vocês esperam num domingo nesta coluna. Mas é que, de repente, me dei conta da incrível metáfora que eles oferecem. Aliás, sobre a politicanalha praticada nestes confins, cabe qualquer coisa que seja repugnante, da moral e bons costumes à folha corrida da polícia. Alguns minimizam e sugerem que eles apenas reproduzem aqueles que representam. Como se fossem uma amostra permanente do entorno populacional. Eu diria da índole mesma do brasileiro médio.
É fácil dizer: o governo nos vampiriza, ainda que seja uma verdade inconteste. Mas este, pelo menos, se disfarça de que, ao arrancar nosso couro com impostos, aplicará nos serviços do país. Vá lá, que temos os piores serviços do mundo pelo preço que pagamos. Agora, porém, os sacripantas têm insuspeitas caras de executivos. Os sevandijas imitam as admiráveis amebas, juntam-se em conluio e nos consomem. Seres muitos maiores que eles, como a Petrobras.
Os sabujos governam auxiliados por seus pareceiros lacaios, mas que se chamam orgulhosamente de partidos aliados. Instrumentalizam as instituições para sua colmeia maligna. Absorvem até o ar que respiramos ou o empesteiam. Vendem-se, os encostados, como defensores de uma abstração, o povo. Essa palavra que se presta para as maiores sevícias na boca de patifes como os petistas e a ralé que os auxilia.
Estes vampiros das forças e energias produtivas tem predileção por qualquer um que tenha sangue, mas a classe média, por sua peculiar situação – não é pobre, portanto não tem direitos sociais. Não é rica, por isso não consegue se amasiar com o poder nem se defender dos impostos – são mais suscetíveis à virulenta ação desses bandalhos.
Hoje, quer as ruas se encham ou não com os indignados, é uma data para se comemorar. Não a democracia que os samexungas adoram falar, mas o direito de sacudir a exploração que estes bernes, tapurus infelizes de nossas costas doídas. 

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