Uma fábula que
nos arranca o riso pelo humor sofisticado e nonsense. Um hotel que serve de
palco para o drama da vida mesma. As ameaças que ela impõe. Para dar vida a
este fábula, literalmente uma constelação de atores experimentados, mas Ralph
Fiennes, como Monsieur Gustave, o gerente do Hotel, está ótimo. Melhor para nós
expectadores, pois John Deep quase o faria, mas em baixa na carreira,
correríamos o risco de vermos os maneirismos do Jack Sparrow ou a esquisitice
do personagem tonto em “O Cavaleiro Solitário”.
O hotel parece
um lugar de acolhimento, refúgio, lugar de aceitação. Tudo regido por um homem
excepcional. Zeloso de seus deveres que parece viver a vida com extraordinário
senso de serviço e cumprimento do dever. Mas que nunca soa como obrigação, mas
como um sentido para a vida mesma. Monsieur Gustave, explica o diretor Wes Anderson,
se inspira em Stefan Zweig, escritor judeu austríaco, que se refugiou no Brasil
e, infelizmente, tirou a própria vida deprimido com a escalda do nazismo na
Europa. Morreu em Petrópolis em 1942. Naquele momento, era o escritor mais lido
em todo o mundo. A própria história retira inspiração em obras de Zweig.
O filme faz um
balanço sutil entre a banda da humanidade desvirtuada de sua natureza e aquela
que conserva os resquícios de sanidade, solidariedade e altruísmo. Esta última
não parece certinha ou piegas. Carrega lá suas idiossincrasias e eis aí o
humor, particularmente quando nas situações mais absurdas, ainda se mantém
aquilo que Mr Gustave chama de resquício de civilização.
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