domingo, 8 de fevereiro de 2015

O Grande Hotel Budapeste



Uma fábula que nos arranca o riso pelo humor sofisticado e nonsense. Um hotel que serve de palco para o drama da vida mesma. As ameaças que ela impõe. Para dar vida a este fábula, literalmente uma constelação de atores experimentados, mas Ralph Fiennes, como Monsieur Gustave, o gerente do Hotel, está ótimo. Melhor para nós expectadores, pois John Deep quase o faria, mas em baixa na carreira, correríamos o risco de vermos os maneirismos do Jack Sparrow ou a esquisitice do personagem tonto em “O Cavaleiro Solitário”.   
O hotel parece um lugar de acolhimento, refúgio, lugar de aceitação. Tudo regido por um homem excepcional. Zeloso de seus deveres que parece viver a vida com extraordinário senso de serviço e cumprimento do dever. Mas que nunca soa como obrigação, mas como um sentido para a vida mesma. Monsieur Gustave, explica o diretor Wes Anderson, se inspira em Stefan Zweig, escritor judeu austríaco, que se refugiou no Brasil e, infelizmente, tirou a própria vida deprimido com a escalda do nazismo na Europa. Morreu em Petrópolis em 1942. Naquele momento, era o escritor mais lido em todo o mundo. A própria história retira inspiração em obras de Zweig.
O filme faz um balanço sutil entre a banda da humanidade desvirtuada de sua natureza e aquela que conserva os resquícios de sanidade, solidariedade e altruísmo. Esta última não parece certinha ou piegas. Carrega lá suas idiossincrasias e eis aí o humor, particularmente quando nas situações mais absurdas, ainda se mantém aquilo que Mr Gustave chama de resquício de civilização.

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