Invertebrados podem
sentir emoções complexas, como nervosismo, e respondem bem a Rivotril ou
Lexotan.
De
acordo com pesquisadores da Universidade Livre de Bruxelas - ULB (Bélgica)
baratas não são todas iguais. Elas também apresentam uma grande variação
de personalidades: de tímida a forte.
Fontes: Reinaldo José Lopes Folha Saúde + Ciência (04/01/2015) e
O Globo (05/02/2015)
Duvido que você saiba que tinha mais em comum com o
Procambarus clarkii e com a Periplaneta americana do que imaginava
sua vã besteira a respeito de si mesmo. Está boiando sobre quem seriam estas
criaturas, não é? Nem deu tempo pedir ajuda ao Google. Então, antes que lhe
funda a cuca, aqui vai nomes mais palatáveis destes seus aparentados, pelo menos
nos sofrimentos psicológicos. Lagostim vermelho e a onipresente barata comum.
Pois eis que estudos recentes atestam que o
lagostim tem distúrbios psicológicos, talvez porque tão sem cerimônia é
colocado numa panela de água fervente para se tornar aperitivo no seu prato. E
a barata que você chinela sem piedade apresenta diferentes personalidades. Não
múltiplas personalidades, como sugere o texto mal escrito, mas que cada qual
tem lá a sua personalidade.
Seu lagostim, entre uma ecdise e outra, é um
ansioso típico. Só me pergunto como é que um cientista tem uma ideia dessas.
Talvez um acidente com as pinças do dito crustáceo. Ele, naturalmente,
pressentindo a panela sapecou uma trincada no dedão do assassino em potencial e
este concluiu que o pobre era temperamental. Imagine.
Levaram o infeliz artrópode para um laboratório.
Meteram-no num labirinto cruciforme para ver o que faria. Explorá-lo, por
evidente demorar-se na parte escura que é onde gosta de ficar. Choques na água
faziam-no se desnortear e ficar ainda mais vermelho que a capa do coisa ruim.
Eletrificado, fazia coisas contrárias à sua natureza invertebrada. Um pouco de
Valium, Lexotam e Rivotril dava um barato e o lagostim ficava tranquilão. No
divã, com dr. Sarnambi, nada disse só que a experiência em que foi cobaia teria
sido feita por alienígenas. Dr. Sarnambi não teve dúvida, encaminhou-o para mais
choques, mas estes para recuperar o são juízo. Esperava algum dramalhão
familiar: um Édipo mal resolvido, um trauma, mas um labirinto eletrificado era
um pouco demais.
Dona baratinha que não tem dinheiro na caixinha,
especialmente depois da inflação galopante da Dilma, é mais sofisticada que seu
lagostim cuja vida, pelo visto, se resume a ataques de ansiedade. Em outro
laboratório, outra equipe reuniu um grupo delas e acendendo luzes e apagando –
as baratas gostam de lugares escuros também – percebeu que umas corriam
atarantadas ao acender a luz e outras sequer se mexiam de seu lugar com o claro-escuro.
Ora, concluiria eu que a barata era lerda. Que teria tomado um Lexotan com o
lagostim. A conclusão impressionante a que chegaram, no entanto, é que esta era,
por bem dizer, mais extrovertida. Veja-se que disparate!
Baratas extrovertidas são a prova da
evolução darwiniana, deliraram os pesquisadores. Lagostim sofrer de ansiedade
deve ser involução, então. De repente, os humanos da classe média brasileira,
fustigados por falta d’água e aumento dos gastos na feira, caminham para se
tornarem lagostins estressados. Do jeito que a coisa vai, é panela na certa. Os
políticos já são baratas há alguns milhares de anos, certamente na extroversão,
mas também em algo ainda mais deletério, a sem vergonhice.
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