domingo, 7 de dezembro de 2014

Soldado mandado...


Identificados como os autores das fotos com mulheres nuas e seminuas em cima de um carro da PM de São Paulo, dois policiais militares foram afastados por cinco dias, a partir desta quinta-feira (4), na Corregedoria da corporação.

Fonte: Folha de São Paulo – Cotidiano (05/12/2014)

Os dois permaneciam cabisbaixos enquanto eram inquiridos. As fotos, não se sabe como, vazaram para a rede mundial. Eram explícitas, piores que as delações premiadas do petrolão. Um dos policiais aparecia na carroceria da viatura com cinco mulheres de biquíni, cujo principal atrativo exposto não era o rosto, mas o traseiro. O juiz militar que os indagava, que era das antigas, estava furibundo. Era do tipo que dormia de pijama com medo de ofender a moral pública e aos bons costumes. Entre os dois guardas, um era chefe do outro na patrulha rural. A este, o juiz se dirigia com mais frequência.
Filho, explique, como é que vocês arranjaram, ahammm, estas moças seminuas? Descobriram uma nova tribo de amazonas em pleno litoral paulista? Eu acho difícil, algumas tem cara de que fazem ponto no Vale do Anhangabaú. Mas de qualquer forma, eu gostaria de entender. Os senhores deveriam patrulhar uma área para impedir roubos aos moradores rurais e preservar a mata dos ladrões de madeira e palmito. Mas onde vocês estavam? Em cima da viatura com quase uma dezena de bundas. Macularam a corporação de forma indelével. O senhor sabe o que é indelével? O que era chefe do outro balançou a cabeça em negativa. Imaginei, disse o juiz enfadado.
Vou deixá-lo na ignorância, pois é como estou neste episódio, enquanto os senhores se recusam a explicar o inexplicável. O juiz mandou que as fotos fossem projetadas, disse que era para aclarar as mentes dos réus. A pequena plateia se alvoroçou, doidos que estavam para ver as sujeitas, mas também a desgraça dos dois meganhas sem noção. A primeira foto era uma confissão de culpa. O policial aplastrado e escorado na camionete por cinco mulheres. É o senhor ali com a farda desta briosa corporação? O réu levantou a cabeça e fez que sim lentamente. Muito bem.
Por momento, o policial teve o ímpeto de falar algo. A camionete era emprestada, não era a viatura em que trabalhamos, disse para piorar a situação. Era alguém pego com milhões de reais na cueca – no roubo da petrobras não dá mais, porque se rouba agora na casa dos bilhões – e dizer que foi ali na esquina tomar uma meia com metade de um pão na chapa. O juiz ignorou. Seguinte.
A plateia se deliciava com o espetáculo. Até que as tiazinhas não eram de se jogar fora, embora fosse difícil o reconhecimento, pois quase todas preferiram mostrar as partes glúteas ao rosto. E eram tantas, que havia variedade de formas e cores desta parte da preferência nacional. Ah, ali os senhores tiveram o cuidado de encobrir a placa... dá um zoom na foto. Aquilo é a peça de baixo do biquíni encarapitada na placa, senhor? Mas ainda se lê “patrulha rural” na lataria. As peças eram pequenas para encobrir? Ironizou o juiz.
A cada foto, as meninas se tornavam mais ousadas. Começaram encostadas na camionete e tomaram o veículo de assalto e cada vez mais nuas. Os senhores eram os que faziam a sessão de fotos? Pois não os vejo mais com as “modelos”. Por fim, o que permanecera calado e era o mandado da dupla, pediu para falar e foi logo dizendo que queria o benefício da delação premiada. Como é moda, o juiz concedeu incontinenti. 
Doutor, nóis foi atacado. Eu disse para meu companheiro pra não passar nesta região porque é perigosa. Ele não me ouviu. Essas mulheres fazem isso com todos que passam perto. Me agarraram, mesmo eu dizendo que era pai de família respeitador. Mandaram eu tirar as fotos. Meu companheiro resistiu, mas depois ele gostou e mandava eu ficar tranquilo que elas não faziam mal. Eu disse que ia dar encrenca. Minha mulher me largou e agora tô preso. Mas só fiz o que me mandaram.

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