O que poderia ser pior do que ter um pedido de casamento rejeitado? Que
isso ocorra publicamente, na frente de milhares de espectadores e milhões de internautas.
Isso foi precisamente o que aconteceu com o ator e comediante Patrick
Moote em dezembro de 2011, quando, a alguns dias do Natal, ele pediu a namorada
em casamento na arquibancada de um jogo do time de basquete da Universidade da
Califórnia.
Fonte: Da BBC em Los Angeles
(24/02/2014)
Tem gente que
recebe um limão e faz careta. Tem gente que o espreme, coloca açúcar, faz uma
limonada. O princípio é velho. Tão velho que nenhum autor de autoajuda se
interessa mais. Eles querem falar de teoria do caos, física quântica,
quadrinidades, segredos, espiritualidades xamânicas e abducentes, psicologias
de afogadilho, filosofias instantâneas e outros que tais que, de per si ou
misturados, não querem dizer absolutamente nada, mas fazem fortunas.
Nosso herói é do
grupo dos espremedores. Antes, porém, viveu seu dia de cão. A relação não
andava lá muito boa com sua musa. Solução mequetrefe pensada por ele? Pedi-la
em casamento num lugar público, expô-la sem aviso, surpreendê-la com aquilo que
julgava ser o ápice de rompante romântico. Em pleno jogo, milhares de
torcedores afoitos viram o telão se encher com a imagem de nosso herói e da
dita. Ele se ajoelhava como o fazem os americanos, estendia hesitante o anel
comprado com dezenas de horas em stand ups chinfrins. A mulher era todo horror.
Sentiu-se traída e humilhada. Quem disse que ela queria casar com ele? Quem
diabos ele pensava quer era para colocá-la contra parede, melhor, o anel?
Segundos de
tensão e expectativa somada aos milhares. Todos segurando o fôlego. Ele ali,
estátua. Já sentia os olhares como se fossem milhões de agulhas. Formigões
percorriam seu corpo. Antevia o desastre pela titubeação escrita nos olhos da
quase-noiva. De repente ela corre destrambelhada, leva duas quedas na fuga e
some. O estádio inteiro faz aquele UUUUUUUHHHHHH típico de um gol que quaaaase
foi feito, mas não entrou.
Nosso grande
amante jazia, petrificado, até que a infeliz adrenalina lhe desse o choque
necessário para sair correndo também sob o riso de metade e o espanto da outra
metade do estádio. Mas este homem não desiste nunca. Precisava esclarecer o
vexame. A mulher disse duas coisinhas, estacou, mordiscou o lábio inferior
enquanto mantinha o olhar baixo para evitar o olhar súplice dele. Então
despejou: você tem o pênis pequeno! Pronto falei! Via-se o alívio estampado no
rosto dela.
Não bastasse a
humilhação monumental, a razão era mesquinha, vil mesmo. E aquela história de
que tamanho não é documento? Que qualquer um é capaz de satisfazer uma mulher?
A ex nada disse, apenas retirou-se. Ele olhou na direção do indigitado amigo:
traidor, disse com amargura.
Enfurnou-se
por dias. Precisava dar a volta por cima. Talvez um “diálogos do pênis” para
falar das agruras do mal dotados? Um documentário! Isso! Devem existir milhões
como eu, pensou. Subjugados pela propaganda de um mundo assaltado pela
pornografia cujos atores são seres de outros planetas. Sim, para ficar por
horas em movimento e nas posições mais escalafobéticas sem nem suar, homens de
carne e osso não são.
Milhões vivem
num submundo da pequenez. Amaldiçoados pela natureza que lhes negou centímetros
a mais em algo tão importante. Nosso herói saiu pelo mundo. Uma câmera na mão e
uma ideia na cabeça. Era todo empatia com os desprovidos, ele que sofrera bullyngs
de toda espécie quando criança sendo chamado de mindinho, picles, mínimo entre
coisas mais desabonadoras.
Descobriu que
a ditadura do tamanho era mundial. Viu homens esticarem com pesos, comerem
gororobas intragáveis, tomarem poções e garrafadas paraenses. Cirurgias
doloridas, próteses, exercícios que lhe doía só de pensar. Havia homens em
todas as civilizações com o mesmo drama. Alvo do deboche, das piadas,
solitários, destinados à chacota de seus pares e das mulheres cruéis.
O documentário
foi recebido com grande ovação. Num mundo politicamente correto, os mal dotados
ganharam status de minoria grande – o adjetivo grande servia para compensar o
minoria que dava a ideia de pequeno, o que equivalia a falar de corda em casa
de enforcado –, a ONU estabeleceu o dia mundial do p pequeno. Vários países tem
seu dia com desfiles, paradas e áreas especialmente dedicadas à preservação dos
pequeninos.
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