segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Feliz 2014



A realidade superou em muito a ficção em 2013. Mas isso é só uma frase de efeito porque toda ficção é filha do real, no mínimo, o enredo principal, que só depois é acrescido de fatos absurdos por quem conta. Eu nunca estou preparado para a realidade e tenho dificuldade de fazer planos e sonhar. Alguma coisa aqui perto me diz que é preciso combinar com o Gerenciador do mundo e como me escapa seus planos e vontade dos quais só percebo mal e porcamente alinhavos, me aquieto sem grandes arrancos. Estranhice? Prudência de equilibrista? Tudo junto. Por que estou mais para uma alma dodecaédrica que se inquieta e desinstala o tempo todo a qualquer sopro de vento.
Tenho imagens na mente do que foi o ano. Uma delas me provoca pelo rocambolesco e ridículo. É impagável a visão do José Genoíno com o braço erguido e punho fechado, cambaleante ao se lhe declarar voz de prisão. Rosto grave e desafiador com sua honra rota e a cereja do bolo: uma toalha de mesa amarrada aos ombros, como fazia meu filho quando pequeno para imitar o super homem. Coisa que me dava medo porque ele acreditava piamente e, morando no terceiro andar, me ocorria loucamente que ele poderia querer testar sua certeza. Só depois de indagar cá com meus botões, entendi o nonsense: a toalha do José seria para cobrir o rosto para fugir à carnificina dos fotógrafos, mas que o esfarrapado enfrentou com a ira daqueles que se acham inatacáveis e, pegos no mal feito, se voltam contra o mundo que os flagrou e, com isso, nos brindou com o grotesco.
Um pedaço de minha alma ficou em janeiro. Atordoado, levei bons minutos para entender que uma festa na boate beijo da morte tivesse se transformado no túmulo de 242 jovens. Até hoje sinto uma pena enorme pelo desperdício.
Na guerra civil da Síria, mais uma, o mundo assistiu chocado àquilo que, por mais que se esforce não entende: a luta fratricida manejada por ódios seculares e alimentada por convicções religiosas ensandecidas. Não há limite nestes casos, apenas a destruição total do inimigo é aceitável, se possível com gás sarin.
E, foi pena: os americanos continuam bairristas e deram um Oscar para a atriz americana Jennifer Lawrence, que é muito boa, mas não comparável com a atriz francesa de Amor (Emanulle Riva), esta sim, com uma atuação irretocável, deu dimensão do verdadeiro sofrimento de quando alguém é tocado pela doença na velhice.
Depois, vi que um bebê chinês não desejado fora jogado na tubulação de uma casa. Entalado no cano, chorou. Alguém ouviu e o bebê foi salvo. A resistência da vida venceu e comoveu o mundo, eu incluído.
Vi o aumento da intolerância aqui mesmo no país. O lobby gay se levantou contra o Marco Feliciano por presidir a comissão de Direitos Humanos. Vimos até onde estes defensores de “direitos” estão dispostos a chegar se seu programa pessoal for contrariado.
Então, aquilo que começou por uma queixa e reivindicação local, em São Paulo (a redução do preço das passagens de ônibus e até o absurdo “passe livre”) despertou uma onda de insatisfações guardadas pelos péssimos serviços que o brasileiro médio recebe na saúde, transporte e segurança. O Maranhão que o diga, mas está tudo bem, conforme diz seu mandatário, os bandidos estão se matando dentro da cadeia, que mais dá? A manifestação desandou e o país por pouco não se convulsionou com os saques e destruição que se seguiram. Agora tudo está como dantes. Renan retomou seus voos nos aviões da FAB e os demais seguem aprontando até que se descubra outra traquinagem.
O Brasil esfriou como nunca e o mundo ainda não se decidiu se esquenta ou esfria. Perdeu-se muita gente boa, alguns nem tanto. O país ganhou medalhas, os estádios foram palco de torcidas marginais e governos estaduais deram espetáculo de desvio de dinheiro em suas construções para a Copa. Ficamos em último na educação comparado com outros países e o Eike perdeu só 25 bilhões de dólares. O Maranhão, para variar, protagonizou vexames em quase todos os índices de qualidade de vida e o Mais Médicos causou destrambelhos de médicos brasileiros que reforçaram a posição ridícula do governo com sua solução meia boca às custas de semi escravos cubanos.
A China botou um robô na lua e nós explodimos mais um foguete com um satélite nacional. A inflação se descontrolou e culparam o tomate. Os mensaleiros foram para a cadeia e outros marginais também, como o Bruno, ex-goleiro do Flamengo. Isso foi bom. Um monte de mulher resolveu que ficar nua – mostrar os peitos – é a forma mais “inteligente” de protestar sei lá pelo quê. O Papa visitou o Brasil e nos ganhou pela simpatia, apesar de ser Argentino. 
Assisti a filmes incríveis, amei, chorei, me frustrei e tive esperança. Sorri com bobagem e com coisas engraçadas. Deus me deu saúde e aos meus. Sofri comigo e com outros. Desentendi de tanta coisa e de outras apenas desconfiei o entendimento. Caminhei ao lado de alguns e de outros me distanciei. Quebrei promessas, realizei as que não prometi nem a mim. Encontrei o Grande Sertão e li outras coisas incríveis que me acrescentaram um pouco mais. Encantei-me e desencantei. Estou pronto para o que o ano que vem. Quero fazer coisas novas e diferentes. Tenho planos, poucos. Surpreenda-me, 2014.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Peito protesto



O 'Toplessaço', protesto convocado em uma rede social para um topless coletivo na Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, está confirmado para este sábado às 10h. Por conta da "enxurrada de machismo", segundo a atriz e organizadora Ana Rios, o evento no Facebook ficou oculto "somente" aos 50 mil convidados. Na sexta (20), voltou a ser público — e a ser alvo de ataques.

Fonte: Gabriel Barreira Do G1 Rio

Não é de hoje, o mundo sempre esteve de revestrés. Mas é porque se esquece a frase lapidar do poeta romano Publio Terêncio Afro: “sou um homem: nada do que humano me é estranho”. A estranhice humana, porém, se supera de tal maneira que nos pega no contrapé de nossas idiossincrasias, daí o espanto.
Que querem as mulheres? Indagou Freud em carta a Marie Bonaparte certa vez. E eu que sei! Se ele não sabia e, dizem, ninguém sabe. Não quero levar este texto para o terreno pantanoso da discussão boba da guerra dos sexos, mas os homens tampouco sabem de si. A condição humana, cheia de contradições, talvez, seja um veio para se adivinhar este enigma.
As pessoas também ficam entediadas com sua vida ridícula e sem sentido. Vivem porque vivem. Uma causa, por pobre e tola que seja, ajuda a significar a existência. O mundo instantâneo em que todos (quase) estão interconectados ajuda a fazer a cabeça das pessoas na construção daquelas causas esfarrapadas. Hoje é a ideologia de manada.
Três parágrafos de introdução é muito, sei.  No Enem eu já teria tomado bomba. Aqui entram as mulheres. Vejam a Marcha das Vadias. Não é nada. Transformou-se num movimento porque no Canadá um policial justificou uma mulher ter sido estuprada por causa de suas roupas provocantes. É, literalmente, a aldeia global como previu Macluhan. Um incidente, uma fala de um idiota numa situação local é como se, neste caso, se ouvisse um grito mundial, uma trombeta ao chamado para guerra. As mulheres reagiram se mostrando ainda mais.
Eventos como esse conservam um pouco da origem e vão se transmutando. Aqui, além das palavras de ordem de praxe – guerra ao preconceito, movimento gay, aborto – enfiaram até o “cadê o Amarildo?” na marcha das vadias tupiniquim e ainda quebraram imagens de santos como provocação extra à opressora mor, segundo dizem, a igreja.
Entre um grito e outro a mulherada desfilante e protestante, notou que mostrar uma muchibinha causava enorme impacto. Claro, em plena Jornada da Juventude com o Papa e tudo! Esta descoberta produziu uma variante da Marcha das Vadias: o Toplessaço. Acho que toplezaço ficaria melhor, mas suspeito que as meninas não concordariam. Haverá, enfim, uma mostra de peitos por atacado. Marcar posição, gritar pela liberação do aborto do jeito que quiserem pois, afinal, o corpo é delas. Não só arrancam o filho indesejado que elas fizeram como berram a plenos pulmões que dão para quem quiser. Não retirei as ideias de um manual louco, estão nos cartazes. Deixei de lado os xingamentos.
E os homens solidários nestas ditas marchas? Acho que tem dois tipos: a galera que vai para ver e pegar mulher e os novos machinhos feministas. Castrados. Rufiões sem opinião, provavelmente até o time é escolhido pela mulher. Como dizem os americanos, os sissies. Homens considerado efeminados – não são gays –, covardes, tímidos.  São capazes de falar horas todo um discurso sem se dar conta que não são mulheres.
O feminismo detestava qualquer exposição da nudez feminina. Mas eram mulheres que pensavam e articulavam ideias a partir da filosofia, sociologia, psicologia. Tinham orgulho da cultura e suas mentes brilhantes. Hoje, a cara mais exposta do feminismo é peito e outras partes também. Seria interessante uma análise do discurso dos cartazes que dizem... nada. Platitudes e agressões.
Estes movimentos acabarão com as revistas masculinas pela overdose de nudez. Como se as praias brasileiras já não o fizessem. Mas a delicadeza (ou nem tanto) do esconde-revela é mais discreto como uma tanga esfarrapada ou um cordão encobre a nudez de um indígena. Desamasculinizar, objetivo do feminismo aguerrido, alcança por fim, um resultado perfeito e inesperado, não com a ideias mas com as autoproclamadas “vadias”. Que ironia.
Noutro round deste movimento muito produtivo e enriquecedor da sociedade, foi marcado o tal toplessaço para sábado, 21, em Ipanema. O saldo foi decepcionante. Apenas 8 revolucionárias pareceram, das quais apenas uma valia a pena uma olhada ao redor d qual, por motivos óbvios, reuniu-se um bom grupo e câmeras. Ela se divertiu, não gritou ou esbravejou qualquer slogan e mais uma bela manhã na praia passou. 
O movimento acabou? Não. No carnaval milhares de peitos serão mostrados, mas não conta e ninguém se importa, exceto com as feias. Elas esperam as abluções pelos excessos da carne em plena quaresma. Talvez uma invasão à la Pussy Riot de alguma igreja em plena sexta-feira santa.

domingo, 22 de dezembro de 2013

O rapto do menino Jesus



O desaparecimento do menino Jesus da manjedoura do presépio montado na Praça Nossa Senhora Aparecida, centro de Vilhena (RO), ainda é um mistério. Desde o início de dezembro o boneco foi levado e os moradores estão preocupados sobre o paradeiro do símbolo religioso.

Fonte: Jonatas Boni Do G1 RO  (21/12/2013)

A principal notícia naquele dia estampada no único jornal local, mas que já havia perdido o furo para o disse-me-disse: o menino Jesus fora roubado da manjedoura. Havia certa desolação na cidade e ainda quem visse nesse evento funesto um mau agouro para o ano vindouro.
Mas quem seria este ou esta desalmado(a) para fazer tamanha sandice? Dizem que até o jumento que (não aparece na foto), segundo a lenda, coabitava a mesma estrebaria e foi testemunha privilegiada do nascimento da criança santa, zurrava de tristeza.
Sim, era um boneco, mas eis que alguém contava o zurro lastimoso como verdade verdadeira, donde se conclui que o sumiço do menino já produzia um milagre ao redor do qual já havia grande movimento esperando a próxima fala do animal. Especialistas em decifrar linguagem de bichos já se postavam ao lado com aparatos de gravação para posterior interpretação, pelo menos do que sobrasse do boneco, pois alguns pedaços, considerados santos, haviam sido roubados também.
Diversas explicações foram dadas. Uma curiosa, dita por uma vizinha do presépio, ajudava o larápio ou sequestrador. Dizia que o furto do menino não seria crime, pois possivelmente, fora perpetrado por fiel muito cioso da veracidade dos fatos. Ora, se o menino nasce apenas no dia 25, segundo a tradição, será possível e coerente que o mesmo se abolete na manjedoura lá pelo fim de novembro? Certamente a criança seria devolvida na madrugada do dia 24, no meio da missa do galo.
Esta teoria encontrou apoio, mas também muita desconfiança. O delegado Almeida andou sondando a vizinhança sobre os hábitos da tal senhora, pois havia fortes evidências de que ela era a malfeitora. O padre defendeu a fiel como mulher séria e dedicada às coisas da igreja e que ladra não era. Roubar o menino Jesus, isso mesmo é que não faria.
Inesperadamente, apareceu um bilhete apócrifo e anônimo que pedia resgate pelo garoto sacrossanto. Horror total. Como é que uma pessoa sequestraria o menino Jesus? Esse ou essa deveria ter parte com o capiroto em pessoa se não fosse seu secretário particular. O bilhete era um tanto lacônico: “Paguem R$5.000,00 pelo menino ou nunca mais o verão. Adeus natal e presépio”.
Delegado Almeida mandou cópia fac símile incontinenti à capital, de barco voadeira, para que um perito analisasse a escrita mal ajambrada e quiçá até poderia descobrir a digital do(a) infame. Todos são suspeitos, dizia o delegado Almeida, inclusive o padre e o coroinha. Claro que isso gerou protestos, pois o venerando padre estava na cidade há muitos anos e até o prefeito fora batizado pelo próprio. O coroinha era um moço velho, incapaz de matar uma mosca quanto mais arquitetar plano tão nefasto e sofisticado.
A situação desandou, pois o natal se aproximava e nada de pista do paradeiro da criança divina. Alguns diziam que poderia morrer, pois estaria longe da mãe para amamentá-lo. Que São José, que dava nome à igreja, estava inconsolável com a perda do filho. Procissões se seguiam em favor da volta do menino, sem contar a vigília no pé do presépio. A cidade era uma comoção só. Então, uma menina, destas que nem sabia quem era o pai de seu bruguelo, ofereceu seu infante para ocupar o lugar de Nossossenhor menino. Pareceu bem a todos que aceitaram e foram consolados em sua tristeza e abandono. O peste raptor não foi descoberto e o menino nunca apareceu. 
Feliz Natal para todos os queridos e queridas leitores e leitoras.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A câmera apaixonada



As câmeras de monitoramento da Guarda Civil Municipal (GCM) de Araraquara (SP) têm sido usadas para espiar mulheres e casais. Um vídeo divulgado por uma vereadora na quarta-feira (11) revela que os responsáveis pela vigilância focalizam partes íntimas de mulheres nas ruas, quando deveriam monitorar situações suspeitas. A denúncia foi apresentada ao Ministério Público, que acompanha a funcionalidade dos equipamentos. A Prefeitura condenou o tipo de conduta e disse que aguarda análise do material para abrir uma sindicância.

Fonte: Felipe Turioni Do G1 São Carlos e Araraquara (12/12/2013)

A velha frase “sorria, você está sendo filmado” parece ter perdido seu sentido. Nunca entendi se era para ser engraçado ou porque queriam dizer de forma simpática que estavam bisbilhotando sua vida. Naquele tempo longínquo, havia a suposição de identificar pessoas, mais que segurança, exceto em alguns lugares onde haviam coisas de valor, como nos bancos que são velhos usuários da tecnologia.
Não sei se o barateamento da tecnologia das câmeras e sua multiplicação vertiginosa em tudo quanto é aparelho possibilitou este mundo orwelliano em que vivemos, o fato é que andando por São Paulo você pode ser filmado até 28 vezes num dia. Em Londres, cidade que levou o sistema de vigilância ao paroxismo, com mais de 1,5 milhão de câmeras o cidadão pode ser filmado até 300 vezes num único dia.
Ninguém liga. O olho eletrônico está ali, fixo, à vista ou discretamente disfarçado de planta, e você abstrai sua presença e simplesmente faz o que quer. Às vezes se toca quando quer fazer mais do que deve numa subida ou descida de elevador, se está acompanhado da mulher ou namorada. Outros, descarados, geração exposta desde o nascimento – sim, filmaram sua mãe em trabalho de parto e sua cara amassada saindo do útero – adora câmeras e tem relação resolvida com elas. Provoca, inclusive, com atos antigamente reservados à privacidade do banheiro ou dos quartos.
Pior de tudo, os onipresentes celulares – o Brasil tem agora mais de um celular por habitante –, todos com câmeras. Sempre tem um engraçadinho ou atilado filmando tudo. Ninguém mais pode falar ou fazer nada, pois será exposto à ridicularização pública ou algo parecido. Um descuido e haverá alguém armado com uma destas infernais traquitanas apontando em sua direção.
Outro dia, recebi um vídeo filmado no interior de um metrô de SP. A moça até bem apanhada entra e começa a fazer uma limpeza geral no nariz. Já é feio o suficiente. Nojento. Causa ascos e arrepios em alguns. Mas é comum, todo mundo faz. O danado é que ela comia a meleca. Limpos os dois orifícios, ela ficou sem fazer nada. Então atacou os cantos dos olhos para retirar a remela seca e, naturalmente, como da primeira vez, as comia. E tudo foi milimetricamente filmado sem escapar um único quadro.
Cidades inteiras,  como já mencionado, se tornaram o próprio romance 1984 ao vivo e em cores e elas têm gastado bilhões do suado dinheiro público. Sai de seu bolso e é suado, imagino, a menos que você seja político na acepção brasileira do termo. Tudo em nome da segurança. Neste particular, a dirigente do Maranhão acredita que um helicóptero alugado a peso de ouro resolve. A conflagração em baixo e os caras dando rasantes. Seria algum tipo de síndrome resultante de tanto assistir filmes americanos? Se não fosse tão caro e inútil, daria para fazer piada. O fato do momento, no entanto, não é este disparate maranhense, é a filmagem de mulheres com certos atributos, é bom que se diga, e namorados mais ousados – lembram daqueles que não estão nem aí?
Em Araraquara, o voyeurismo ganhou contornos de absurdo. Um sujeito, apenas se supõe, pois o tal operador gostava de perseguir mulheres com as câmeras municipais e se deliciava com namorados sem noção. A loura anda displicentemente perdida lá em seus pensamentos. Um short mínimo, blusa decotada e ela é bem nutrida tanto indo como vindo. A câmera enlouquecida a descobre no meio de milhares de anônimos e imediatamente começa a perseguição. Que se dane a segurança e a vigilância!
Foco no colo. A câmera está hipnotizada. A mulher caminha e entra na loja. O zoom descomunal não perde a loura nem dentro da loja. Por entre araras e estantes de roupas, pessoas que por ali se amontoam, mas ela está lá agarrada como cão perdigueiro. A loura não acha nada que lhe interesse e então sai e a câmera enlouquecida e apaixonada a segue agora com closes generosos no traseiro.  A mulher caminha e a câmera faz movimentos desesperados, queria sair correndo atrás da loura, mas está encarapitada no topo de um poste. A loura, aos poucos, vai saindo da zona de alcance. A câmera faz zoons, estica-se toda para agarrar a última fagulha da imagem que se esvai. 
Ah, há um casal de namorados no meio da praça, parecem estar fazendo mais que conversando. Que mão boba é aquela? E a câmera logo esquece a loura e começa tudo de novo bem no quadril da namoradinha.