domingo, 13 de maio de 2012

Quem p... está com o dedo verde


A flatulência dos dinossauros herbívoros pode ter causado o aquecimento do planeta há 150 milhões de anos, durante a era Mesozoica, segundo um estudo divulgado nesta segunda-feira no Reino Unido e publicado no periódico Current Biology.

Fonte: Revista Veja (07/05/2012 - Com agência EFE)

A glória não vem fácil não. Precisa ralar, meu filho. Às vezes, literalmente, tem-se que meter a mão na m... Minha tese é revolucionária. Sei que vai causar espanto e alguma negativa, afinal todo mundo diz que um meteoro exterminou os dinossauros há 65 milhões de anos. Eu refutarei esta tese. Atrapalha-se um pouco. Afasta, Mimosa. Mimosa é nossa modelo para explicar a teoria. Quero dizer que a vaca não é maltratada, embora faça parte de uma pesquisa neste laboratório. Falo isso porque estas patrulhas de ecoxiitas são um saco. Querem acabar com a utilização de animais em pesquisas. Vamos usar o quê? Lesma? Minhoca?
Você perguntou no que consiste minha teoria. Vamos falar em palavras simples, para compreensão de seu público. Os dinossauros foram extintos por causa da flatulência. Só isso? O senhor nega a queda do meteoro? Há controvérsias quanto a esta queda. Como assim? Há uma cratera que foi medida e fotografada e os estudos provam que as consequências da queda do bólido sugerem a extinção, porque gerou um inverno gelado em todo o planeta.
Meu jovem, isso é o que dizem por aí. Afirmo que os dinossauros estavam extintos quando o meteoro caiu, se é que caiu mesmo. Eles morreram de calor e sufocados nos próprios peidos. Meu amigo, peido de dinossauro não é brincadeira, nem se fale no barulho. Não é mais difícil provar os peidos dinossáuricos do que a queda do meteoro? Digo que um meteoro deixa um cratera, mas o peido se dissipa no ar. Aí é que você se engana. Não se precisa “provar” os flatos. Todo ser vivo flatula – inventei esta palavra. Mesmo aqueles que negam. O senhor tem cara de quem nega.
Não nego nem afirmo nada. Aqui se trata de uma entrevista e quem peidou foram os dinossauros e não eu. Explique-me. Escapou-me uma coisa. O senhor se referia ao cheiro quando expressou que as bufas não eram brincadeira... Ah, esta é a cereja do bolo de nossa teoria, por assim dizer. Minha equipe conseguiu reproduzir o cheiro ou algo muito próximo. Não posso dizer como, é segredo. E estudos anatômicos da cloaca monumental dos bichos revelaram algo inusitado. Um engenheiro de som reproduziu o barulho do traque. Mas deixemos isso de lado, isto será parte do show da apresentação da tese. Concentremo-nos no mais importante.
O que seria? Que o metano saído daquelas bundas gigantescas esquentou o planeta inteiro. Isso desarranjou o clima com um calor insuportável. Incêndios, secas devastadoras e temos os pobres dinossauros mortos. Eis tudo. Para se ter uma ideia, eles despejaram mais metano na atmosfera que nós hoje com nossas fábricas. O frio veio depois, só congelou carcaça.  
E onde entra a Mimosa nesta história, já que se trata de um mamífero? Medimos as bombas da Mimosa e comparamos com os dinossauros. É praticamente uma regra de três simples. Um dinossauro saurópode pesava 45 toneladas e media 45 metros. Como era também herbívoro, a gente compara com uma vaca. Pensamos num elefante, mas era ligeiramente complicado manuseá-lo aqui dentro. Não era prático retirar 220 Kg de cocô do laboratório e o elefante não deixava a gente enfiar o equipamento para medir os gases.
Doutor, obrigado pela sua atenção. Nossos leitores ficarão muito gratos por estas informações tão importantes. De nada. Só queria dizer que um resultado de nossa pesquisa – ainda a ser provado –  tem a ver com a flatulência humana. Imagine 7 bilhões de onívoros vezes 1L/dia. Um o quê? Um litro de gases, meu caro jornalista. Tem gente demais no planeta, a coisa começa a complicar. O senhor não gostaria de participar como voluntário? Não, obrigado.
Tudo bem... Você sentiu? Olha que este estudo me deixou com um nariz muito sensível. Foi você? Não senhor, não nego estas coisas. Dá uma bifa no cara do microscópio. Ô sem noção, tu já comeste repolho com cebola de novo, não foi? Vai dar uma volta lá fora. Volta-se para o jornalista. Eu ainda demito este cara.

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