segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A crise da meia(?) idade


Entre mulheres e homens com idades entre 45 e 49 anos, os cientistas perceberam um declínio no raciocínio mental de 3,6%. As conclusões contradizem pesquisas anteriores sugerindo que o declínio cognitivo só começaria depois dos 60.O estudo, publicado na revista científica British Medical Journal, foi conduzido ao longo de dez anos, entre 1997 e 2007.
Os cientistas avaliaram a memória, o vocabulário e as habilidades cognitivas – de percepção ou de compreensão – de quase 5,2 mil homens e 2,2 mil mulheres entre 45 e 70 anos, todos, funcionários públicos britânicos.

Fonte: BBC Brasil (6 de janeiro, 2012)

Até Parece que a pesquisa foi feita comigo, disse Asnovaldo. Para ver como o mundo evolui, se piora ou se melhora, não sei dizer, mas cada dia se descobre um mistério novo. Se bem que crise de meia idade não é mistério nenhum. Que não é nada de meia, está mais para lá do que para cá. O danado é que a gente ainda se enganava esperando os sessenta, para só então se queixar da escuta agravada, da vista cansada e dos esquecimentos de tudo enquanto.
Para mim foi um espanto, sim senhor. Antigamente, em se tratando dos homens do sexo masculino – Asnovaldo gosta de falar assim não por pedantismo é porque, diz: ‘o mundo está escalafobético nesta área havendo homens que não praticam o sexo masculino’. E, ainda segundo diz: é difícil de separar um do outro – o problema era só aquele de falhar na hora agá. Não aquela falha ocasional que quase todos os homens experimentam em algum momento da vida, mas  aquela falha recorrente e persistente da qual jamais se falava. Um compadre meu, coitado, tornou-se um mentiroso desavergonhado nesta questão. Ô homem de ter aventuras calientes!
Aconselhei o pobre umas poucas vezes. Mas ele ora ardia como um amante latino, quase um Rodolfo Valentino, ora mergulhava sorumbático num mutismo comatoso, se tão somente o assunto roçasse a questão sexual. Minha comadre, que era mulher séria, aguentou aquela desdita até não poder mais. Foi inventarem aqueles remedinhos azuis e meu compadre virou a besta fera de assanhado. Mas sem medir presão e fazer checkup do coração a afoiteza virou defunteza. Deus o tenha em bom lugar (benze-se).
Parece, por outro lado, que o risco vale, mesmo sendo arriscoso, havendo mesmo quem defenda a aventura como uma forma de sair de um paraíso e ir a outro, mesmo a despeito das ridículas e vexaminosas circunstâncias em que o pessoal do iml encontra o decujus. Vôte!
Já repararam? A coisa está ali quieta. Não tem nada de defeituoso e você, capengando, vai dando para o gasto. Então, um pesquisador sem ter o que fazer, diz que 45 anos e não 60 é a idade em que a coisa começa a degringolar. Eu que passei um ano depois desta fronteira me quedo descobrindo uma mouquidão que sempre vivi com ela sem fazer vexame, mas que agora precisa de aparelho. A vista sempre foi astigmatizada mesmo. E o esquecimento?! Ah, já estou com medo até de esquecer o próprio nome.
O sujeito está bem. Alguém – isto é coisa de mulher – insiste para fazer uma consulta, olhar os aparelhos, fazer uns ajustes, sei lá mais o quê. Para livrar-se da insistência, vai ao médico e acaba descobrindo que, por pouco, não seria chamado de zumbi. Quer dizer, já estava morto e não sabia. Aí aparece tudo quanto é engriguilho. E eles defendem a má notícia dizendo que é melhor ir porque se descobre precocemente – pessoal da saúde adora esta palavra – e ajeita os pandarecos. Onde já se viu...
É a profecia que se autocumpre. E o sujeito não vivia bem? Eu não posso ouvir estas coisas de pesquisa que me impressiono. Serei, como se diz? Um hipocondríaco! Serei? Não sei. Mas que estou mouco como uma porta é como me sinto. Cego ainda não, mas quase e esquecido... do que que eu estava falando mesmo?

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