Dois cientistas americanos cotejaram uma massa impressionante de dados
para mostrar que o embate entre cobras e primatas ajudou a moldar a evolução
humana.
Fonte:
UOL "CIÊNCIA E SAÚDE" 19/12/2011
Acho que a descoberta não
é candidata a receber o Ignobel e constar nos Anais das Pesquisas Improváveis,
mas dá o que pensar pelo inusitado.
As serpentes, dizem dois
pesquisadores americanos, moldaram a evolução dos primatas. Acostume-se, no
jargão científico entende-se por primata todos os bípedes que acabaram de
completar 7 bilhões de almas. Quer dizer, inclui você, o vizinho mala, o
cunhado mandrião e aquela senhora de bobes que lhe espera no final do dia e que
você chama de patroa com justa razão.
E como teria sido isso? Eis
o mistério. Resumo para você. Os
pesquisadores levantaram uma cornucópia de informações, embaralharam, juntaram
tudo isso e bum! Concluíram que as serpentes estavam lá, em tempos de antanho,
influenciando o ser humano a dar no que deu.
Suas sumidades afirmam que
as serpentes participaram de três maneiras neste processo. Elas comiam nossos
antepassados se algum deles dava bobeira. Elas comiam nossa comida, ou seja,
competiam conosco e, por fim, viravam churrasquinho de sucuri quando elas davam
bobeira. Era uma suruba de comilança. Literalmente, quero dizer, seus cabeças
sujas.
O engraçado é que nestas
descobertas ora, suponho, avançamos, ora afirmamos o que outros sem nenhum
aparato já afirmaram mesmo com outras intenções. No caso da Bíblia, quem conta
a história da cobra foi, por bem dizer, quase testemunha ocular. Em miúdos, o
que aconteceu ali foi uma serpente empurrando homem e mulher para um tipo de
evolução.
Há controvérsias, você
diria. Sim e não. Pelo sim pode-se dizer que o casal ou mais gente que estava
por lá, saíram de um estado de inocência e se tornaram ardilosamente criativos.
Foram na onda da serpente, a moleza acabou e para se livrar do mau tempo,
espinhos e uma terra mais mesquinha, tiveram que se virar com invenções e
tecnologia. Caíram no conto do vigário ofídico, mas superaram. Serem
conhecedores do bem e do mal, sei... Se tornarem iguais ao Todopoderoso, pois
não...
Pelo não abarca a questão
moral. O gênero antropominídeo tornou-se um bicho descarado e sem a menor
compostura. Quer dizer, em termos absolutos regrediu a quase o estado primitivo
da animalidade sem julgamento ético ou moral de qualquer espécie. Um tipo
movido a instinto puro. Passou a dar em cima da mulher do vizinho. Tomar
emprestado e não devolver ou pagar. Tomar simplesmente o bem do outro como bom
carniceiro. E desenvolveu a mentira até o nível mais sofisticado. Isto é
precisamente aquilo que nos diferencia de tudo quanto é bicho andante, nadante,
voante ou rastejante.
Claro que tornado o mundo
uma monumental bagunça, houve que, apesar da vontade danada de fazer tudo
errado, dar um pouco de ordem para manter a vida minimamente suportável. Havia
não somente que criar formas de governar para justificar os vários substratos
sociais – quem fica na cobertura e quem fica nos andares de baixo até o porão
–, mas também leis e religião para legitimar os sistemas. O fruto mais acabado
desta influência serpentina é a política brasileira.
E a serpente? Fora os
ecologistas de todo matiz e uns malucos que não tem o que fazer, a cobra
continua despertando aversão e sendo culpada de quase tudo. Como é que se chama
aquela pessoa incrivelmente falsa? E aqueles políticos finórios e
despudoramente caras de pau? Quem acertar ganha um final de semana na ilha de
Curupu com direito a ir no helicóptero do GTA. Vou dar a dica: Cobra. (não é
para jogar no bicho, ouviram?)
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