O ministro das Cidades, Mário
Negromonte, disse nesta sexta-feira (25), em Salvador, que as denúncias de
suposta fraude em parecer de obra de mobilidade urbana para a Copa de 2014 em
Cuiabá (MT) tentam "enfraquecer a presidente Dilma".
Fonte: G1 (25/11/2011)
O ministro não parava de falar.
Era uma técnica para impedir que alguém perguntasse algo. Uma tentativa de
“secar” todas as possíveis fontes de perguntas constrangedoras. Convenhamos, é
preciso ser extremamente habilidoso nesta questão. Falar demais diz-se o que
não se quer. Mas ele era bicho passado na casca do alho, matraqueado, lá do
jeito dele. Carregava no sotaque como forma de arrebanhar a solidariedade
nordestina.
Assim, você leitor, ao ler a fala
do ministro, ouça a melodia do sotaque nordestino. Suas várias reportagens, um
misto de autodefesa, pedido de penico à presidenta e ataques melodramáticos,
com direito a choro e tudo, foi aqui rigidamente decupado com a maior
fidelidade, incluindo espirro, respiração ofegante e perdigotos. Nada escapou.
Ah, não se preocupe em achar sentido em alguns trechos, não é erro da
decupagem, é que é assim que o cara pensa. Lá vai.
É tudo culpa desta imprensa
marronzista, diria o sábio conterrâneo baiano, patrono dos políticos do axé e meu
inspirador, Odorico Paraguassu. Oxe, meu rei, eles querem é enfraquecer a
presidenta Dilma. Mas não vão conseguir porque a mulher é macha. Quero dizer,
forte, enfim, nada tenho que ver com o louco do Bolsonaro.
Não há nada de errado, garanto
pela minha mãe mortinha. Se o guverno não tivesse trabalhando... mas tá
trabalhando e muito. Tão dizendo que há um desvio de setecentos milhões naquele
modalzinho do matrogrosso. Eu pergunto, o que é isso diante da mudernidade que
o povo vai ganhar? Vão andar de trem em vez de ônibus que é coisa da pobreza de
um Brasil que nós queremos esquecer.
Não tive conhecimento de nada,
nem tenho posto o pé no ministério só rodando o país, trabalhando. Isto é gente
insatisfeita com nossa administração séria e honesta. Querem me tirar do
ministério porque não passei e nem vou passar a mão na cabeça de ninguém. Já
mandei investigar. Se alguma coisa aconteceu, cabeças vão rolar.
De que eu falava mesmo? Ah, do
trem. Não, da mudernidade. Mas o que fazem esta imprensa preconceituosa com um
guverno que se dedica ao povo? Inventa desvio, isso e aquilo. Estão criando a
república da discunfiança. Com isso, nós povo desta terra de encantos mil, não
podemos concordar.
Eu não tô dizendo que é
preconceito? Foi por causa da festa do bode. Para seu guverno, o bode é um
orgulho nacional nordestino. O bode sustentou o povo na seca, deu carne, deu o
couro, deu o chifre, quero dizer, o chifre não, o leite. Eu mesmo mamei na
tetas de uma cabrita. Ahã, é que o leite de minha mãe era fraco, que Deus a tenha
em bom lugar. Olhos marejados.
Se fosse uma festa da uva, da
maçã, coisa destes sulistas estrangeiros, ninguém dizia nada, mas como é uma
singela festa a um símbolo máximo da resistência de um povo, aí caem de pau com
esta lenga lenga de usar dinheiro público. Ora, se a festa é para o povo como
não havera de usar dinheiro público?
Recompõe-se. Não vou me agachar
pra ninguém, não fico de joelho, isso eu deixo pro próximo ministro que cair na
esparrela de fazer m... Se o Lupi diz que pra derrubá-lo só a bala, eu não fico
de joelho, só diante do Senhor do Bonfim e São Jorge, meu santo de estimação.
Não sou apegado ao cargo. Se a presidenta Dilma não me quiser mais, eu dou a
ela... Ministro! O cargo, meu filho, o cargo de volta. Oxe!
Esta imprensa discriminidora de
nordestino tá querendo é fazer campeonato de derrubança de ministro, mas eu não
vou ser a bola da vez. Comigo não, violão! A presidenta já mandou um recado de
que eu tô mais firme do que nunca. Eu e ela tamo assim (junta os dedos
indicadores e esfrega). É como eu disse, a festa do bode e o trem leve são
lados da mesma moeda, são para o benefício do povo, e estes papagaios ensaiados
ficam se preocupando com mixaria. Vão se catar cambada de não tem o que fazer!
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