terça-feira, 25 de outubro de 2011

Minhas amigas, as piranhas.


Usando microfones subaquáticos, a equipe da Universidade de Liège, na Bélgica, gravou os sons emitidos pelos peixes quando se confrontavam.
Em artigo publicado na revista científica Journal of Experimental Biology, a equipe disse ter identificado três tipos de sons, cada um contendo uma "mensagem" específica.

Fonte: Victoria Gill (Repórter de Ciência e Natureza, BBC News – 13/10/2011)

Zé do Oim recebeu este nome pela simples razão de que seus olhos eram, de fato, olhinhos, espremidos assim como se estivesse permanentemente encarando o sol. Tinha lá um quê oriental que ele dizia, não sem certo orgulho, que era devido a uma longínqua tataravó. Segundo sua lenda familiar, tinha sido a pobre mulher capturada pelo seu tataravô. Numa caçada, o homem ouviu os cachorros latindo em sinal de ter acuado uma fera. Mas eis a surpresa dele, ao chegar ao local a fera era uma indiazinha por quem caiu de amores. 
Oim é um tanto parvo, mas tem lá sua esperteza curtida na vida. Fica danado mesmo é com a insinuação de que é filho de chinês. Que chinês o quê! E lá conta a saga da índia, sua avó pré-histórica.
Soube esta semana que uns gringos no estrangeiro descobriram que piranha late. Primeiro se confundiu. Não que chame aquelas moças de piranhas, acha isso falta de respeito com as duas, a mulher e o peixe. Acredita que piranha só tem uma, o peixe. E não vê como é que a outras se parecem de alguma forma com o hidrológico animal. Será que é porque agora também chamam as mulheres damas de cachorras? Não sabe responder.
Explicaram a Zé do Oim que a pesquisa se realizou com piranhas mesmo, isso para grande admiração e espanto dele. E só descobriram isso agora? O informante ficou um tanto desconcertado. Como assim, só agora? Zé do Oim, nascido à beira do Mearim, pescador desde criança, acostumado a chupar cabeça de cascudo, balancou a cabeça em sinal de enfado. Ô gente mais besta! Gastaram dinheiro com isso?
O interlocutor tentou dar ares de importância à pesquisa. Disse que descobrir que as piranhas latem para se comunicar era uma forma de conhecer mais estes animais e até ajudar aos pescadores a melhor época para pescar e outros blá blá blás. Zé permaneceu com seu ar superior. As piranhas da beira do rio onde pesco não só latem como miam, imitam passarinho e, não conto história de trancoso, tem uma lá que canta igual a Alcione. Eu mesmo ensinei as bichinhas a vigiar minhas galinhas e explicou – tem muita raposa por lá.
Vou contar como peguei amizade com as piranhas. Estava eu pescando e ouvi um rosnado. Olhei prum lado, olhei pro outro e nada. Já pensava em dar uma pedrada no cachorro que, fazendo zoada, ia espantar os peixes, mas não vi nem um. De novo, rosnado e latido. E não é que tinha umas três piranhas tentando espantar uma onça que estava pendurada num pau de olho em mim. Aí sim, foi um susto grande. A bicha ia pular bem no meu cangote. Mas com tanto latido, fugiu.
Joguei as iscas para minhas amigas cachorras, quero dizer, piranhas. Nossa relação mudou totalmente: agora eu cuido delas é com leite ninho e coca-cola para arrotar. Ô bichinhas que aprendem coisa. Se você for lá, eu mostro. Dão saltinhos, rolam, dão as barbatanazinhas e buscam um pedaço de pau quando jogo lá no meio do rio. Agora tem uma coisa, são sestrosas. Gente de fora elas ficam meio envergonhadas e dão no máximo um rosnado. Acho que comigo é porque pegaram gosto da minha pessoa.

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