O economista Gustavo Rojas, 34, analisou seu mercado eleitoral na Venezuela e não teve dúvidas: lançou uma rifa de implante de silicone para ajudar a financiar sua campanha para deputado da Assembleia Nacional.
Fonte: DE CARACAS Folha 28/08/2010
A cada dois anos ele é acometido da mesma sandice. Acredita com fé de um pagador de promessas que tem chances de se eleger. Ainda não se candidatou a cargos majoritários – prefeito, governador, presidente, senador – não que desacredite de seu potencial, acredita, os companheiros de partido é que torcem o nariz. Dizem que ele é candidato de nicho eleitoral. Para estes cargos tem que ser mais amplo, um homem do povo, que saiba destrinchar a coisa mais difícil sem se melindrar. Rezar todo credo. Tem que ter um pendor natural para mentir descaradamente e acreditar na mentira, pois se não acredita, não passa credibilidade. Anastácio não concorda com nada disso, mentir é com ele mesmo, mas fazer o quê?
A despeito de sua crença inabalável na vitória, a verdade é que ainda não chegou lá e já se foram uns dez pleitos, o que dá uns bons vinte anos nesta labuta. Um dia dá, diz confiante. Como é candidato da rabeira, tem dificuldade absurda para financiar a campanha. Reclama com Asdrúbal, presidente do Partido Universal Democrárico Renovador Cristão (PUDRC), e este diz sempre que o dinheiro do partido é para despejar nos grandes, quem quiser que se vire vendendo os possuídos ou balance o pires por aí. E ainda tem que pedir votos para os cabeças. Arre com tanta exigência, lastima-se Anastácio.
Dinheiro não tem. Este ano, a sogra que já ajudou noutras campanhas, disse que não podia mais. Mas tinha uma ideia para levantar uma grana. Leu num jornal. Ela mesma estava disposta a comprar. Uma rifa de peito. De silicone, esclareceu. A mulherada, disse ela, é louca para levantar os peitos e o Brasil é vice-campeão mundial no quesito. Tu sorteia três tamanhos e vende cada rifa por um preço.
Anastácio achou a ideia um disparate, mas depois, pensando bem, olhando comprido para o monte de carros envelopados com as caras fotoshapadas e sorridentes dos outros candidatos e ele com foto tamanho A4 em três cores. Decidiu-se. No PUDRC foi um alvoroço. Vamos consultar o TRE, disse Asdrúbal, querendo ganhar tempo. Mas a rifa já ganhou mundo. Não há mais volta.
A maledicência corre solta. Os outros candidatos achincalham a ideia, mas até as mulheres destes querem comprar a rifa. Quando estes reclamam, elas desafiam: está bem, então tu paga um peito de 10 mil reais. Onde é que eu acho um peito por 20 reais? (este é o maior tamanho). Até já foi dito que as próteses são chinesas (e são), fabricadas no Paraguai, mas nem isso diminui a febre das vendas. Um dos slogans diz: Eleitor, você não tem peito, mas sua mulher tem. Ajude a eleger Anastácio deputado. Outro dia, no horário eleitoral, saiu-se com essa: Ponha seu voto no colo do Anastácio, será aconchegado com respeito. Quem não chora não mama! Anastácio, seu deputado, nº... Fez sinal de vitória.
A Igreja já se manifestou. Disse que vender rifa de peito – e ainda mais daqueles tamanhos – é antinatural. Os intelectuais escreveram rios de textos avaliando por todos os ângulos o fenômeno. As feministas estão umas araras. Dizem que Anastácio é um energúmeno, um porco chauvinista. O presidente Lula disse que é a favor, pois é chegado num peitão também, com todo respeito.
Anastácio está que não se aguenta. Se tiver voto como tem vendido pontos da rifa, será o mais votado. Agora está às voltas com dois problemas: 1. As eleitoras querem por que querem mais um produto na rifa: prótese de nádegas. Elas disseram bunda, mas Ansatácio não pode falar isso no horário eleitoral. 2. Os restos de campanha. Sabe que vai sobrar e muito, pois não conseguirá gastar tudo nas despesas previstas. Está pensando em se aconselhar com o pessoal do Partido dos Taumaturgos (PT), dizem que fazem milagres neste casos. Mas a um amigo já avisou: não põe dinheiro na cueca nem que a vaca tussa.
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