Um cachorro chamado "Tesouro", de Pequim, na China, é viciado em cigarro e precisa de, pelo menos, dois por dia. Segundo sua dona, Li, o cão de estimação inala fumaça desde que tinha cinco meses de idade. A chinesa contou ao jornal "Daily Mail" que, quando as pessoas estão fumando, o animal chega a se levantar para inalar a fumaça.
Fonte: Do G1, em São Paulo
De um consultório qualquer de um psicólogo canino foi me passado a seguinte transcrição de um atendimento.
Abanar o rabo, arfar com a língua de fora e colocar as patas dianteiras sobre as pessoas, é minha maneira de pedir uma tragada, se estão fumando. Sim, porque de outro modo não me interessa, em geral, os humanos. Faço exceção à minha dona que, afinal, cuida de mim, compra aqueles biscoitos deliciosos e me deixa fumar um pouco. As pessoas não entendem, ora me acham importuno, ora pensam que quero brincar, mas é tudo malandragem para fumar. Agora, por recomendação médica, diminuí a fumaça para míseros dois cigarrinhos por dia. Sabe o que é isso?
Vi você levantar as sobrancelhas. Sei, não é comum um cachorro fumante, ainda mais agora com este cerco miserável a quem fuma. Viramos praga. Peguei o gosto ainda bem pequeno. Minha dona fuma. Engasguei nas primeiras vezes, ela achava engraçado meu interesse pelas bitucas no chão e um dia experimentou me dar uma tragada. Foi minha desgraça.
É dura a vida de fumante, ainda mais cachorro. Fico horrorizado com aquelas fotos nas carteiras de cigarro. Que é isso gente, não basta o complexo de culpa por um estar se matando? Mas quer saber, não tem nada melhor para o estresse. Minha dona me sufoca. É tanto cuidadinho que faz que enche o saco.
Aprendi a falar com ela. Outro motivo porque fumo. Crise de identidade. Ela não permite que eu faça aquelas coisas que um cachorro deve fazer para ser cachorro. Vigiar a casa, correr atrás de bichos, perseguir gatos – sou até amigo do Garfield, o gato da vizinha –, correr atrás de bolas ou gravetos. Sim, lato, mas na minha cabeça estou falando com você agora. Tem gente que late e pensa que fala.
Pior mesmo é meu amigo chimpanzé, Zhora. Ele é russo, sabe. Imagine aí. Pois é, o coitado é alcoólatra. Só podia ser, não é, russo... Ah, é fumante também. Pense num macaco inconveniente. Quando ele bota aquele cigarro no canto da boca, eu já sei. Está mais bêbado que um gambá. O pior é que fica valente, fala imoralidade, é um vexame. Colocaram ele no rehab, coisa chique.
Pois não, desculpe, divago. Não quero amenizar meu problema. Aliás, nem posso, esta tosse seca e quebrada, a falta de ar, o piado no peito, estão piorando. Sem contar que meus puns estão mais fedidos, deve ser alguma coisa na composição dos filtros das bitucas de cigarro que quando estou na fissura como tantas quantas encontrar.
Sabe aquela história de fumar só dois cigarros? Aprendi uma manha pra fumar mais. Vejo alguém fumando, me encosto. Passivo também fuma, meu caro doutor. Não é igual àquele prazer de pegar o cigarro entre os dedos, colocar na boca. Tem toda uma simbologia envolvida, um prazer. Não concordo com os psicanalistas que afirmam que o ato de sugar a fumaça é alguma coisa relacionada a uma fixação na fase oral. Bobagem.
Mas voltando à manha que inventei. Se faço uma gracinha, o fumante tem que olhar pra baixo, né não? Aí dá aquelas boas baforadas e eu aproveito. Imagine a que baixeza chega um pobre viciado.
Cura? Já tentei de tudo. Chás diversos, mandingas, reza braba, emplastro de nicotina, passes em sextas-feiras 13, santo daime, universal, meditação... O senhor é minha última chance de largar este vício infernal. Doutor, será que tenho cura?
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