segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Quem não chora, não mama


O sueco Ragnar Bengtsson, um pai de 26 anos de idade, iniciou um polêmico experimento para tentar comprovar se ele, como homem, é capaz de produzir leite - e amamentar seus futuros bebês.
"Se houver uma chance de dar certo, e se puder ser provado que o leite masculino contém os nutrientes necessários, será um salto extraordinário", disse Ragnar Bengtsson em entrevista por telefone à BBC Brasil.
Fonte: BBC Brasil

A verdade é que nossa audiência despencou no precipício. Quase gritou o diretor. Estamos perdendo para a emissora do governo que dá sono até em criança com hiperatividade. Digo mais. Ou conseguimos sair do traço ou é rua para todos, inclusive eu. Quero uma ideia que seja. Pode estupefar, escandalizar, amedrontar, causar nojo, não importa.
Dinorildo, auxiliar de serviços gerais, ouvia tudo e ante o silêncio desesperado dos profissionais, levantou a mão para se fazer notar. Era quase como se pedisse desculpas por se intrometer em momento tão solene. O diretor o olhou de cima abaixo e já que ninguém se manifestava mesmo, pediu que se aproximasse. E então? Eu tenho uma ideia. Todos o olharam entre incrédulos e curiosos. Afinal, o Dinorildo por quem ninguém dava nada, estava ali e com uma ideia.
Pode falar... – o diretor olhou o crachá para certificar-se do nome – Dinorildo. Ele riu satisfeito por ter sido chamado pelo próprio nome. É que ouvi o senhor dizendo que queria uma opinião para nossa emissora. Sim, e daí, falou o diretor já exasperado. O senhor também disse que não importava se a opinião fosse causar destrambelho? Sim, sim, vá direto ao ponto. Sim, senhor. Por que não fazemos um reality show? Então é isso sua ideia genial? Ora faça-me o favor.
Dinorildo, a esta altura ganhara confiança ante a platéia que visivelmente ardia de expectativa. O senhor não deixou eu dizer qual é o reality show. Ok, neste deserto de ideias uma qualquer é melhor que  nada. Bota um homem para dar de mamar a uma criança. Quer dizer, a pegada do programa é acompanhar o homem tentando. Eca, que nojo, gritou um. Isso é loucura, disse outro. Tinha que ser de um serviços-gerais para sair ideia do tipo. Calma, senhores, Dinorildo pode ter razão. Pois tenho até um amigo que topa. A mulher dele pariu, mas doente, coitada, não consegue dar de mamar. Ele tá desempregado e o leite tá caro.
O diretor já estava a mil. Imaginem, o público feminino vai se identificar com este novo homem, sensível, participante. Em compensação os homens vão detestar, falou alguém. Nada, dizemos que queremos discutir a participação do homem na criação dos filhos. Mas tem que ser dando o peito? Aí é que está, vamos chocar no início, e isso chama a atenção. Falem mal ou bem, falem de nossa emissora. Vão dizer que estamos desesperados. E estamos, atalhou o diretor, retrucaremos que estamos construindo um novo paradigma na sociedade.
Dinorildo, cadê seu amigo? Traga-o aqui agora. Será que ele topa discutir a sexualidade masculina moderna, afinal, caminhamos para a abolição desta bobagem de divisão por gêneros? Isso a gente vê, diretor. Vou atrás dele agora.
Pedrão, descolei um trampo pra ti. Coisa simples, basta segurar teu filho na frente das câmeras e encostar a cabeça do menino perto do peito e deixar rolar. Vou ter que dar de mamar? Que é isso rapá, vô parecer uma mulher. Bobagem, a grana é boa, dão até bombinha para ajudar. Pagam quanto?  


Como vocês podem ver, este homem que ilustra o texto não é nenhum sueco, é do Sri Lanka e se chama B. Wijeratne. Segundo se diz amamentou a filha depois da morte da mulher. Não houve acompanhamento científico. 

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