A exigência dos fornecedores de
pagamento à vista fez com que o empresário Manoel Castro, 37, mudasse o foco da
sua loja virtual para a venda de produtos próprios. Ele deixou de priorizar
revenda de cosméticos curiosos, como maquiagem para calvície, e passou a
fabricar e vender cuecas com enchimento frontal e nos glúteos.
Fonte: Larissa Coldibeli Colaboração
para o UOL, em São Paulo (28/03/2016)
O negócio ia
de mal a pior. A crise batera à porta e ameaçava sucumbir o negocinho, que a
duras penas se mantinha. Fornecedores aumentaram os preços e cobravam à vista,
inviabilizando as vendas e o pagamento. Quem não se vira, sucumbe. Era preciso
pensar algo rápido ou babau.
Os produtos
que vendia eram alternativos. Meia líquida para disfarçar varizes. Olhos de
vidro customizados. Aparelhos auriculares com luz neon para quem quer ir a uma
rave. Muletas que brilham no escuro. Além de vários badulaques para carecas,
gordos e pessoas desacorçoadas de beleza.
Vendia cuecas,
mas sem muito atrativo. Um colega seu fez sucesso na esteira dos livrinhos de
colorir e criou a cueca para colorir que até vendeu, mas não passou de uma
brincadeira, parece que na hora “h” ninguém queria perder muito tempo colorindo
a cuequinha.
Mas dizia da
crise boçal que se abateu sobre seu negocim, como dizem os mineiros. Eis que
uma luz vinda dos eflúvios eureca arquimedianos lhe iluminou a fronte. Ora, se
sua especialidade é vender coisinhas que maquiam imperfeições mais brutas, existe
uma demanda eterna desde que o primeiro cara olhou o pinto do outro: o tamanho.
Nem se fale das mulheres cruéis que se riem dos menos favorecidos.
Tem gente que
gasta uma pequena fortuna para ter aumentado lá o seu amigo com técnicas
altamente duvidosas e às vezes doloridas pra cacete. E se inventasse uma cueca
que disfarçasse aqueles montinhos mais chochos de alguns homens? Era isso! A
questão era definir quanto de aumento. Sim, pois deveria parecer natural e não
como quem tivesse colocado um litrão de Skol na parte frontal. O segredo da
maquiagem é parecer natural, dizem os maquiadores de defunto.
Uma ideia puxa
outra. Por estranho que pareça aos homens mais machistas, tem uns sujeitos que
se ressentem de ter um glúteo murcho. Parece que algumas mulheres sentem
atração por esta parte também. Vá se entender. Então faria duas cuecas. A
standard, enchimento apenas na frente, e a ultra plus duo, enchimento na frente
e atrás.
Foi anunciar
no site da lojinha virtual e as vendas explodirem. Homens de todas as idades e
lugares queriam sua cueca maquiada. Logo, os relatos se avolumaram nos e-mails
de contato da empresa. Havia quem dissesse que a própria vida fora salva, pois
carregara a cruz da pouca dotação, fora motivo de chacota, sofrera o diabo na
escola, agora era um feliz proprietário de um suposto pênis de vinte
centímetros.
Outro
consumidor declarou um efeito colateral inesperado do uso da cueca com recheio.
Sua hemorroida nunca mais fora a mesma depois do enchimento traseiro. Sentar
agora era muito mais confortável e nem precisava mais ficar de ladinho. O
comerciante aproveitou a deixa e mesmo debaixo de uma saraivada de reclamações
da Sociedade Brasileira de Proctologia, fazia propaganda dos benefícios terapêuticos
da cueca. Inventou logo que a espuma era de consistência especial, resultado de
anos de pesquisa. Coisa da Nasa que nem o teflon.
Por fim, outro
consumidor, na contramão do propósito original, disse que a cueca era uma
excelente forma de disfarçar ereções inesperadas. (!!!) Como exatamente não
explicava, visto que a cueca deveria inchar o espaço dianteiro e não
diminuí-lo. De qualquer modo, fica uma importante lição às mulheres. Não se
empolguem com tudo que veem. Nem tudo que parece é.
Depois
de ganhar prêmios de tecnologia e design, fora os de moda masculina, atualmente
trabalha numa versão eletrônica. Ela (a cueca) saberá quando e quanto aumentar
as partes respectivas. Fará leitura do período fértil das mulheres, além de
assepsia das partes após o coito, se me entendem. E tudo controlado por blue
tooth do celular. Se deixar esse homem solto ele domina o mundo.
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