Na cidade de Seri Kembangan, na Malásia, um homem ficou revoltado após
comprar um dispositivo que prometia aumentar seu pênis e receber pelo correio
apenas uma lupa no pacote.
Fonte: G1,
São Paulo (04/06/2014)
Assim que o primeiro neurônio percebeu-se como um indivíduo e espalhou a
notícia aos demais – o que produziu o primeiro homem inteligente – nasceu
também a primeira insegurança masculina. A situação era mais absurda, posto
que, andando nus, era possível os homens se medirem. Por uma coincidência
tosca, imagino, o tamanho lá da ferramenta fazia com que nossos primeiros
sapiens desconfiassem de uma relação com a quantidade de meninas que o tal bem
dotado pegava. E era assim, sem cuidados, não existia família, compromissos,
contas para pagar e ainda não havia o chicote da inveja capitalista que nos faz
afundar nos cartões de crédito.
Suspeito que ali já se cantava “já sei namorar” dos tribalistas. “Eu sou
de ninguém. Eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem. Eu sou de ninguém.
Eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também.” Esqueçam as mazelas modernas
naquelas priscas eras e até o feminismo que deu à mulher um polo ativo na
relação que, não duvidemos, colocou parte da homaiada ainda mais insegura.
Ora, quando há uma necessidade, logo alguém oferta uma solução. Sempre
foi assim. Com relação ao tema do aumento do “documento”, a arte humana não tem
limite: pesos, ventosas, cirurgias duvidosas, beberagens, injeções (ui!),
pilulazinhas azuis, vermelhas – mais um pouco e o sujeito vai para uma Matrix
–, a indústria pornô, exercícios, videoaulas. E há quem ofereça metas por centímetro
(claro). Ninguém lembra da lei descoberta por Newton.
A maioria das ofertas, se produzirem um efeito placebo, já terá feito
algo pelo indivíduo desafortunado. No mais é contentar-se lá com sua desdita e
compensar sabe-se lá como. Uma boa maneira de evitar constrangimentos é
procurar mulheres com o discurso: tamanho não importa. Suspeito, porém, que
esta frase se parece muito com aquela na hora da falhada: tudo bem, acontece.
Enfim, as propostas todas de aumento do dito cujo cheiram a
charlatanice. Mas o desesperado acredita em qualquer coisa. Para dar um golpe,
a antiga arte do “conto do vigário”, desde sempre precisou de arte e engenho
mental. Uma revisão anedótica destes “contos” percebe-se que eles têm um
elemento inusitado: o humor. Ora, cair numa esparrela supõe um otário. Alguém
acometido pelos cinco minutos de idiotia que a cada um de nós cabe um dia na
vida ou mais, se um se acostuma a este estado.
Bong não suportava mais. Não era obeso, mas olhar o seu colega era
missão quase impossível. Nem se conte anos de deboche sofridos. Vivia
consumido. Pensava numa solução dia e noite. Um dia, depara-se com uma mágica
solução. Por bagatela alguém lhe enviaria aparelho que aumentava o seu negócio
instantaneamente. Aquilo o deixou enlouquecido. Instantâneo como um miojo. Sem
água ou aquecimento. Nem pestanejou, fez o pedido.
Imagine
os dias de espera. Então chega a caixa pelo correio. O pacote era pequeno. Algo
portátil. Prático. Pode-se carregar para lá e para cá. Atende a situações
emergenciais e lugares não tão apropriados. Sentiu o peso. Era leve. Pode-se
usar apenas com uma mão enquanto a outra está livre para as preliminares. O que
a tecnologia não faz, imaginou. De repente, como que atacado, rasgou a
embalagem com sofreguidão. Os olhos ficaram como que embaralhados. Sentiu
vertigem. Uma lupa!!! Gritou. Com a mão trêmula pegou um pequeno papel em que
estava escrito “manual de instruções”. Uma única recomendação. Não usar o
aparelho sob a luz do sol.
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