Quinze
detentos fugiram na madrugada deste domingo (14) da Central de Custódia de
Presos de Justiça de Presos (CCPJ) de Pedrinhas, em São Luís, por meio de um
túnel, de aproximadamente 18 metros, cavado de dentro da cela 5 do Bloco C. A
informação foi confirmada pela assessoria de comunicação da Secretaria de
Estado de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão.
Fonte: G1
(14/07/2013)
Era preciso
chamar alguém capaz e urgente. Um homem experiente, acostumado a enfrentar os
piores abacaxis e tirar de letra. Criatividade ajudaria muito, pois havia
coisas a serem explicadas que fugiam às regras mais comezinhas da lógica. No
perfil do candidato, coragem seria item fundamental e, se possível, de fato,
uma exigência, tudo isso aliado a uma tremenda cara de pau. Não uma cara de pau
qualquer, que se encontra até no baixo clero da Assembleia. Teria que ser coisa
do nível dos mensaleiros para cima, do Renan para adiante. Ah, a fluência
verbal – sem a língua presa – seria qualidade muito bem vinda.
No Maranhão,
não seria difícil encontrar homem desta estirpe. Mas havia um pequeno senão
ainda. O sujeito deveria ser um tanto desconhecido das massas. Não se trataria
de um Zé Ninguém, pois com tanta astúcia esperada, um Zé não se sairia bem na
empreitada. A questão é que uma cara nova teria, no mínimo, o benefício da
dúvida sobre a sinceridade e capacidade e ainda que não tivesse o currículo
tarimbado na área em que atuaria, com um complexo de mídia à disposição, era
fácil forjar a estatura da tarimba na resolução de problemas daquela natureza,
pois com a frequência com que se repetia, todas as desculpas e meios haviam se
esgotado.
O homem,
leitores e leitoras, era meu contraparente por uma quase afinidade meio oblíqua,
Aristogênio. Confesso que ainda me espanto onde ele é capaz de se meter. Mas
devo dar minha mão à palmatória, homem mais finório, impossível. Ari deveria
explicar duas fugas rocambolescas da Penitenciária de Segurança Máxima de
Pedrinhas em menos de um mês. Na primeira, quinze presos fugiram por um túnel
de 18 m. A segunda, coisa mais banal, 3 pularam o muro e se foram para lugar
incerto e não sabido. De quebra, Ari falaria de planos para recaptura dos
meliantes fujões e afirmaria as bobagens protocolares: 40 sindicâncias,
contratação de mais agentes penitenciários, reforço do presídio, etc, etc.
No dia
aprazado, Ari já devidamente debutado frente o público com pompa e
circunstância, só teria que falar em cinquenta entrevistas alardeando o
combinado. Senhoras e senhores, estou à sua disposição. Podem perguntar o que
quiserem. Antes, devo explicar algo. Como os presos fugiram? Onde foi parar a
terra que ocupava o túnel ardilosa e engenhosamente cavado pelos facínoras? Simples.
Eram 15 homens robustos e muito dispostos. Trabalharam em revezamento noite
após noite, quando nossos alertas servidores dormiam. Ninguém foge de dia aqui.
Ok, uma ou outra vez, não vem ao caso. O fato é que num piscar de olhos cavaram
18 m. Se não houvesse um engenheiro prático entre eles, teriam chegado ao
continente, tal a rapidez da escavação.
Os senhores e
senhoras querem saber que fim eles deram em tanta terra, por suposto. Depois de
acuradas investigações e não achando vestígio de um grão de areia sequer nos
alojamentos, ajudados por técnicas sofisticadas de análise, chegou-se aos
banheiros. Concluiu-se que eles comeram a terra. Percebo ligeira incredulidade.
Como descobrimos? A manutenção teve que fazer reparos em quatro banheiros.
Parece ficção, mas é fato verídico e comprovado. Darwin talvez explique esta
evolução (sobre)humana. Mas não se preocupem, por este buraco ninguém foge
mais. Além da vigilância dia e noite que montamos, aguardamos a liberação de
verba para tapá-lo. A bem da lisura e honestidade, precisa-se fazer licitação
para contratar empreiteira da confiança do governo, acertar comissões de todos
os envolvidos... isso, como se sabe, leva tempo.
Quanto
aos três pés rapados que pularam o muro, coisa sem qualquer técnica ou gênio, a
sindicância aponta coisa mais banal. Eles trabalhavam na confecção de bolas. Na
hora do recreio com bola, um chutão e a rechonchuda foi parar além muro. Os
três se prontificaram para ir buscar a pelota, no que foram prontamente
atendidos pelos oficiais de plantão. Infelizmente, a tentação da liberdade foi
grande e não retornaram. Houve quem
apontasse que as guaritas estavam sem vigilância. Os pobres vigias têm
necessidades fisiológicas, ou não? Uma hora, eles têm que resolver estas
pendências. Imagine que até isto os pilantras dos presidiários registram e se
aproveitam. Doravante, recreio será sem bola. Muito obrigado pela atenção.
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