domingo, 3 de março de 2013

Flatular nas alturas é saúde


Cinco gastroenterologistas da Dinamarca e do Reino Unido escreveram artigo no qual dizem que soltar gases faz bem para a saúde. No avião, apesar de os passageiros poderem receber um tratamento ruim por parte dos outros viajantes como resultado de sua decisão pessoal de se aliviar, os benefícios para saúde compensam os impactos negativos.

Fonte: UOL Notícias Ciência - Em Wellington, Nova Zelândia (20/02/2013)

Não sei se você já ouviu falar no Ig Nobel Awards. Ele está para o Nobel assim como o Framboesa de Ouro está para o Oscar. Nenhum cientista quer receber este prêmio, que é uma sonora gargalhada pela sua descoberta ou pesquisa assim, como direi... inusitada. Do mesmo modo, diretores e atores receberem a tal Framboesa é uma marca indelével na carreira, uma espécie de nódoa que só sai com um Oscar. O que isso tem a ver com flatulência? Continue lendo, em silêncio, ouviu?
Se você viaja de avião com alguma regularidade já deve ter sido vítima ou autor de um flato kamikaze. Apelido assim porque se o indivíduo é capaz de fazer isso, dentro de um tubo pressurizado a quase mil km/h, correndo o risco de derrubar o avião, é um suicida em potencial.
Imagine que o maldito flatulento silencioso resolveu se aliviar nas imediações de sua cadeira. Digo silencioso, porque com a pressão, o ouvido entope e não se ouve muito bem. Devia entupir o nariz, não é? A caçada começa para descobrir o autor do crime. Olha de lado, estica o pescoço. Não que adiante muita coisa. Você descobre quem é, e daí? Vai chamar um comissário de bordo e solicitar que o criminoso seja retirado do avião? Olhar com a cara feia para ele ou ela não vai adiantar, pois há que se ter certeza da autoria e haverá, pelo menos, quinze potenciais bufões ao seu redor.
Por vergonha, para não se denunciar e não sofrer uma culpa injustificada, você aguentou a fedentina heroicamente, nem tapou o nariz. Ou você estava despistando? Ok. Esforçou-se na vã tentativa de descobrir o infeliz autor e encontrou rostos vazios, gente fingindo dormir, olhando pela janela, lendo um livro: todas situações comuns num voo e você tentando achar algo fora do lugar. Sei lá, um sorriso nervoso, uma cara desconfiada e nada.
Desiludido, você experimentou não respirar, até olhou para cima suplicando que uma turbulência fizesse uma máscara com oxigênio caísse no seu colo e salvá-lo. O voo segue uma maravilha. E você lá, sem ar, arroxeando. Mas se passaram somente trinta segundos. Então, sufocando, inala o máximo de ar que pode, eram os resquícios finais do traque assassino.
Pois bem, um grupo de cientistas – vejam só, não foi só um cientista – (agora candidatos ao Ig Nobel) fez um belo estudo sobre soltar pum nas alturas. Um deles foi provocado em sua curiosidade depois de sofrer uma experiência a dez mil metros de altitude. Pesquisa daqui, faz revisão de literatura dali e voilá. Soltar traque na quase estratosfera faz bem à saúde. Isto porque, aparentemente, produzimos mais gases nestas condições. Imagine a vida da galera na estação espacial. Ah, eles fizeram simulações sendo o piloto ou o co-piloto detonando. Numa delas o avião cai. Quem você acha que peidou?
A conclusão da pesquisa é: ignore a educação, os tais bons modos e o nariz alheio e se alivie, não se reprima. Será que era isso que os Menudos queriam dizer com aquela música chata deles? Ou é falta de educação ou inchaço da barriga, dores, queimação. Então, você já sabe: ora, danem-se os narizes mais delicados. O povo já peida na cara dura, imagine com incentivo. Agora será assim. O sujeito solta um traque e lhe olha satisfeito, com alívio e diante de seu olhar desgostoso, diz: recomendação médica. Não seria interessante algo para neutralizar este ataque terrível que sofreremos doravante?
Os cientistas descobriram que as poltronas estreitas e duras da classe em que você voa, a dos pobres, quero dizer, a econômica, pasmem, absorve 50% da catinga. Os bancos de couro da primeira classe, necas. Sugeriram entupir os bancos de carvão ativado e mantas também para aumentar o poder de absorção. Um espírito de porco sugeriu um aparelho para descobrir o autor do vento para encapsulá-lo, mas tudo isso custa dinheiro e as empresas aéreas não querem nem saber. Querem oferecer uma nova classe, sem odor de peido, mas vai custar os olhos da cara.

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