O popular Zoológico do Bronx,
em Nova York, celebrará o Dia dos Namorados (que nos Estados Unidos é
comemorado em fevereiro) com uma campanha pouco habitual: vai colocar o nome
dos casais apaixonados em baratas gigantes de Madagascar em troca de uma doação
para preservar a espécie.
Fonte: Da
EFE 26/01/2012
17h26
O zoológico ia de mal a pior. A
zebra, perdera as listas de tão velha. Um único elefante tinha uma presa o que
o tornava um paquiderme banguela. Visão um tanto desconcertante. Isso sem
contar um pedaço da orelha que foi arrancado pelo leão que andava vesgo de
fome. Os demais animais não estavam em melhor situação. Quem gostaria de ver
tal espetáculo? Havia que fazer algo e urgente.
A proximidade do dia dos namorados,
que pelas latitudes nórdicas acontece no inverno, atiçou as ideias do pessoal
que já sondavam opções mais drásticas. Alguma coisa como dar chumbinho em doses
cavalares aos bichos, se me permitem o infame trocadilho. Somente atinei para a
casualidade da data com o período frio (14 de fevereiro) pelo singelo fato: que
ocasião seria mais propícia para se ter uma costela em quem aquentar-se se não
no frio descomunal?
Mas quem já amou sabe, não existe
coisa melhor no mundo. Menos quando temos a desdita de amar a pessoa errada ou
ser amado pela pessoa errada, o que, de certo modo, dá no mesmo. Daí que o que
é amor, ou o que se chama assim, vira alguma coisa esquisita, uma mistura de
mesquinharias, avareza, traições, vinganças ridículas ou coisa muito pior, ver-se
obrigado por razões não admissíveis em público ou para a família, a ficar com o
outro de quem desamamos, o que é um brutal enfado.
Nestas horas, dar a este ou esta
desinfeliz um apelido é uma destas formas peçonhentas de atazanar o outro sem
ser incluído na Maria da Penha. Quer dizer, isso se, processado, um advogado
não conseguir transformar os tabefes que não foram dados em grave dano
emocional, acrescido da humilhação de ser chamado por uma alcunha desabonadora.
Claro, os apelidos carinhosos, a estas
alturas, causam asco. Não tem graça apelidar ou comparar o outro a algo que não
o desconstrua, que não o ridicularize.
Isto nos coloca na delicada
situação de que dar o nome do outro a uma barata deve carregar discrição
tamanha, como se fosse uma operação secreta. Mas, caso o outro descubra –
ninguém está a salvo com estas pragas das redes sociais, que são a fofoca
elevada ao estado da arte – deve-se negar até a morte. Aborreça-se e volte a
acusação contra o outro. Quem você pensa que é? Acha que só você tem esse nome
no mundo? Os outros pagam royalties para você por usá-lo? É infalível. O que
não se pode é perder o desprezível prazer de se referir àquele ou aquela com o depreciativo apelido, pois como se referir ao
desditoso ou desditosa? Pelo nome, nunca.
Ora, sabendo desta sanha que
todos carregamos – uns mais que outros – o marketing do zoológico – que era o
carinha que tomava conta das hienas que morreram todas não de rir, de fome
mesmo – sugeriu que a praga de baratas que infestavam o lugar fossem, em vez de
empestiçadas, adotadas, digamos assim, pelos visitantes. Claro, por módica
quantia.
Este cara, convenhamos, tinha
espírito de porco. Fora algum entomologista exótico, o que se perdoa,
desconheço quem goste de baratas. Bicho asqueroso, fedido, adoecedor,
empesteado. Pois eis a ideia do carinha das hienas. Os namorados dariam nomes
de seus respectivos às baratas. Pagariam por isso. Sacaneariam seus queridos e
queridas, o que tem seu (enooooorme) prazer e ajudariam a causa do zoológico
que estava caindo pelas tabelas.
Havia baratas pretas com asas cor
de folha seca, albinas, a avermelhada comum, aquelas pequeninas esbranquiçadas,
umas voadoras, ameaçadoras, as gigantes de Madagascar (Gromphadorhina portentosa), umas
sem asas, meio moles, que quando esmagadas expoem aquele interior pastoso e de
cor creme. Eca! Casais mais excêntricos poderiam dar os nomes para casais de
baratinhas. Ah, abriu-se a exceção para se dar o nome da sogra, do patrão...
"Quem quer casar com a dona
Baratinha, que tem fita no cabelo
E tem dinheiro na caixinha?" Eu, eu, eu. Pelo menos se não der certo, ela
já é uma barata mesmo, vou poder xingar à vontade.
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