Um novo dispositivo tecnológico será enviado para os soldados britânicos na província de Helmand, no Afeganistão. É uma espécie de “cueca blindada” para protegê-los de ferimentos na área pélvica, causados pelas bombas do Talebã nas estradas.
Cada um dos homens já está recebendo quatro pares das cuecas, que se parecem com shorts de ciclismo. Elas são feitas com um material balístico especial produzido a partir de seda e tecidos sintéticos.
Fonte: BBC Brasil 17/12/2010
O rebuliço havia passado. O nome dele foi execrado publicamente, sem que ao menos pudesse desmentir, dizer alguma coisa em seu favor. A imprensa quando pega um no dente, diria Josebério, seu amigo de estrepolias políticas, não larga até que o nome do desditoso, especialmente pego em flagrante delito, vire pó.
Falar não era nada, lembra-se Maguro em tom lastimoso, o pior de tudo foi a foto que ilustrou dezenas de artigos que vociferavam contra este estado de coisas. A corrupção generalizada no governo. As quadrilhas, como diziam, que tomaram todos os escalões do executivo de assalto. Quase sempre misturavam aloprados, sanguessugas e mensaleiros no mesmo saco. E agora, para sua desgraça, os mulas de cueca. Faziam alusão às mulas que carregam droga a serem contrabandeadas no estômago para tentar enganar a polícia de fronteira.
Isso é que não. Havia que colocar cada qual em seu lugar. Ele mesmo não partilhava da índole de um aloprado. Longe dele ter o caráter de um mensaleiro. Que um raio lhe partisse, clamava, se algum dia praticasse em sonho o que fizeram os sanguessugas. Ele era um homem leal, isto sim. Fez o que fez por lealdade. Por que não dizer, por convicção ideológica, afinal sua ação ajudaria o partido a ganhar e como tivesse certeza que estava do lado dos que melhor cuidariam do povo, valia qualquer sacrifício, mesmo algo um tanto, diria Josebério de novo, pantafaçudo.
Maguro se ressentia de ser chamado de mula. Se ressentia ainda mais de ser chamado de cuequeiro. Mas também não podia ver a peste da foto que usavam. Aquilo lhe dava até um passamento. O fotógrafo pegou seu pior ângulo. Ainda por cima com boca entreaberta, olhos arregalados em olhar oblíquo e encandeado pelo flash, o que lhe deu um ar de parvo misturado com um desses pés rapados que a polícia expõe todo dia em programas policiais de quinta categoria.
E a galhofa dos humoristas? Estes lhe tiraram o couro. Fizeram montagens com sua foto e disseram dele o diabo. Só lhe restou isolar-se e ficar macambúzio. Até os filhos ganharam apelidos de cuequinhas e ele nada podia fazer. A ideia, olhando à distância, é um primor de asnice, mas pareceu um lugar tão seguro na hora do sufoco. Quem imaginaria que alguém teria o desplante de investigá-lo até nas roupas de baixo? Isso fora a humilhação de terem lhe apalpado a bunda sem a menor cerimônia. E ainda faziam piada para que mostrasse o cofrinho. Que coisa infame! Ele, um nordestino de estirpe e orgulhoso de sua origem. Nem aos presos de Abu Graib humilharam tanto.
Pois bem, meses haviam passado e agora, uma notícia inusitada, dava conta que o exército inglês mandou fabricar milhares de cuecas blindadas. Os pobres soldados eram vítimas constantes de ataques talibãs que lhes atingiam as partes. Antigamente se voltava de uma guerra sem perna, sem braço, agora, estes miseráveis terroristas miram naquilo que até justifica um homem que é homem encarar a refrega, afinal é preciso ter bolas para um negócio desses. Arrancá-lo à bomba? Onde estava a honra dessa gente?
Maguro, só de ouvir falar em cueca com uso inusitado, começou a sentir tudo de novo pelo qual passou. Mas percebeu que não lembraram dele, embora a tal notícia mexesse de novo com seus brios, a imprensa, ao que parecia, havia lhe esquecido. Maguro até pensou em inventar alguma coisa nova com o uso da cueca. Qualquer coisa que lhe desse algum ganho que amenizasse a dura provação que vivera. As mulheres colocaram os sutians para fora, agora é chique mostrar. Os pit boys mostram o cós da cueca, por que não mostrá-la toda? Com os padrões certos, ainda frequantará os grandes salões, delicia-se Maguro, sonhando com encher as burras.
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