Uma mulher de 42 anos foi agredida em Franca porque traía o marido "em pensamento". A vítima, que sofreu agressões na noite de segunda-feira, foi presa no dia seguinte em seu apartamento, no bairro Vicente Leporace.
Segundo o delegado que atendeu a ocorrência em Franca, o acusado disse ter agredido a mulher porque ela o traía "por telepatia" e "pensava em vários homens".
Segundo o delegado que atendeu a ocorrência em Franca, o acusado disse ter agredido a mulher porque ela o traía "por telepatia" e "pensava em vários homens".
Fonte: FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
Como é que tu explicas uma coisa dessas, Cróvis? (o nome não é erro de grafia). Ele coçou a cabeça à procura de palavras, mas quando falou desandou a história inteira. Atropelou-se que precisei pedir calma para que se refizesse. O acontecido ainda lhe causava enorme comoção. Não fora preso, mas a vergonha de ter sido exposto e fichado como agressor de mulher, a condenação, mesmo em serviços comunitários, lhe humilhava.
Namorei aquela mulher durante quatro anos. Sempre fui apaixonado, tu sabes disso. Há três meses e pouco resolvemos morar juntos. Nunca tive nada a dizer dela. Carinhosa, atenciosa e companheira. Bem, nunca tive antes. Até que construí a máquina de ler pensamentos. Não duvide, a máquina funciona, não fosse isso, eu não teria descoberto que Delícia era uma adúltera. Eu estava aturdido. Sabia que Cróvis era quase gênio, mas uma máquina de ler pensamentos? Isso era coisa de ficção. Mas não queria que parecesse que eu duvidava de galhofa, de pouco caso. Quis saber mais sobre o tal invento.
Terminei a máquina há alguns meses, guardava segredo porque vai revolucionar o mundo. Semana passada estava eu e Delícia vendo um filme e o mocinho era um destes bonitões de Hollywood. Havia esquecido o aparelho ligado e então, ainda com os fones, comecei a ouvir os pensamentos de Delícia. E o que ela dizia? Me interessei. E eu lá tenho coragem de dizer. O pior desavergonhamento. Na minha frente. O supra sumo do desrespeito. Quer dizer, devia fazer isso o tempo todo ou não teria agido ali, debaixo de minhas ventas.
Traiu em pensamento, por telepatia se você quiser entender assim, mas traiu. Se fez na minha frente, o que não fazia pelas costas? Mas você acredita mesmo que ouviu os pensamentos de Delícia? Alto e claro. Como é que um homem agüenta uma coisa assim? E ela nem se tocou, acredita? Eu ouvindo tudo e ela balançando a perninha, olho vidrado no pé de pano, enrolando o cabelinho com jeito de dengo. E não foi somente nesta vez. Na rua, na praia, no shopping. Isto não se faz.
Mas Cróvis, precisava bater e prender Delícia em casa. Eu me arrependo. A Delícia sofreu, coitada, perdi a cabeça. Mas por outro lado, eu tinha que deixá-la longe da tentação. Se o olho não vê a cabeça não pensa. Cróvis, não me leve a mal, mas você se sente traído porque Delícia pensou noutro homem? Não é só pensar, é o tipo de pensamento. Perdi a confiança nela, ô diaba que me enfeitiçou. Sinto raiva, dó e amor por ela. Estou um traste. Odeio a máquina, mesmo que agora um monte de gente queira comprar. Mas aviso aos que querem descobrir segredos de suas mulheres. Melhor não saber, vai ser criativa assim na safadeza lá no inferno.
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