Diante da ameaça de perder a medalha de ouro conquistada nos 800 metros do Mundial de Atletismo de Berlim, caso não passe em um teste de gênero sexual, a corredora sul-africana Caster Semenya recebeu o apoio de vários segmentos de seu país nesta quinta-feira.
A corredora, de 18 anos de idade, atraiu as atenções não só por seu excelente desempenho, mas por sua constituição física, que foi considerada masculina demais pela Federação Internacional de Atletismo.
Fonte: BBC Brasil.
A celeuma estava grande. A ganhadora dos 800 metros era o quê mesmo? Chamava-se Semenya. Sugestivo nome que não escapou às piadas dos jornalistas. Como deixaram que se inscrevesse na prova como... bem, como mulher? Indagavam alguns comentaristas. O comitê olímpico estava numa saia justa. O fato é que se inscreveu e a despeito da aparência um tanto, digamos, masculina, Semenya participou das provas classificatórias com louvor e ninguém notou nada naquele feixe de bíceps e tríceps torneados, barriga dividida como um mister universo e a falta... enfim, a falta completa de peitos, sem contar as axilas cabeludas.
Semenya, no meio daquele furdunço, disse que não estava nem aí para o que falavam ou achavam, ela mesma – assim se referia a si mesma – sabia o que era. Falava isso e aos que se viam mais perspicazes, ficava uma ponta de suspeita naquela afirmação, segundo eles, ambígua. Enquanto o mexerico rolava dando as mais estapafúrdias versões, o comitê saiu-se com um: é preciso investigar o gênero da atleta, disse meio sem convicção o porta voz do comitê.
Logo o país da atleta, desacostumados a terem celebridades olímpicas, tendo já transformado Semenya em hero...ína nacional, que seja, entraram na briga. Campanha sexista e racista, clamaram. O povo foi às ruas. Até a avó de Semenya, Darci, foi convocada a falar em cadeia nacional. Com voz típica de velhinha interiorana e uma boca sem dentes: Minha netinha é homem. Oooohhhh! Vexame. O diretor do programa não sabia se cortava o microfone ou... antes disso, porém, a velhinha se refez: Quero dizer, é mulher. Desculpem, é que me confundem estas luzes e estes, estes... estes negócios de falar que colocam quase dentro da boca da gente.
A senhora sabia que sua neta pode perder a medalha porque estão suspeitando que ela pode ser homem? Um absurdo! Ainda guardo as bonequinhas que ela brincava. É um doce de menina. Dizem que eram bonecos de vodu. Maldade dessa gente. Olhe moço, tô cheia disso, minha neta tem as partes igual às minhas, quer que eu mostre? Ameaçou levantar a saia. Não, não, não há necessidade, vovó. Nós acreditamos na senhora. A entrevista já ganhara seu espaço na história. E aquela menina brasileira, aquela que luta judô? A Edinanci. Isso. Ninguém fala dela. É até mais feia que minha neta. Aquilo sim, parece o Cosmógenes, meu quarto marido. Senhora, mas ela fez o teste que querem que sua neta faça, e ela é... quero dizer, o teste disse que ela é mulher.
Olhe aqui, minha neta não precisa de teste. As mulheres de minha família tem os peitos pequenos mesmo, pode ver, apalpou-se. Só porque ganhou estão fazendo esta patuscada. Se tivesse perdido ninguém ligava. Ela é assim porque dei muita catuaba com mastruço pra ela, a bichinha quando nasceu era fraquinha que só vendo, só escapou por causa das garrafadas com ovo de galo. Ahhhh, bom. Estava explicado. Dia seguinte a cotação dos galos subiu para patamares inacreditáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário