Convencido de que estava à beira da morte após sofrer um derrame, ele confessou o assassinato de Jimmy Carrol, então com 20 anos de idade.
"Ele quis limpar sua alma", disse o detetive Tony Grasso, que escutou a confissão.
Fonte: BBC Brasil
Gregory, pacato cidadão, bom marido, ativo membro da igreja local, está recostado na sua cadeira predileta logo após o almoço. A idade – quase 70 –, a leseira que bate depois de um bife com batatas que a patroa faz como ninguém. Começa a cochilar. Súbito, uma fisgada no pescoço, uma dor excruciante na cabeça, perde os sentidos.
Acorda zonzo, horas depois. Está tudo embaçado, as pessoas em volta com aquelas caras escorridas, num misto de pena e alegria, afinal ele estava voltando. A esposa que o acompanhou por longos anos, aproxima-se e sussurra: Você teve um derrame. Gregory entende, mas parece que não foi com ele, sente o corpo pesado e ouve como se estivesse de longe de quem fala. Balbucia algo. A esposa se aproxima para entender. Onde estou? No hospital. Graças a Deus você está bem agora. Mas ele não se sente bem. Moveu os olhos em direção ao corpo inerte e não consegue mexer todo o lado esquerdo. A língua parece que tem um nó, a cabeça dá voltas. Sente sede. Ao beber, metade da água escorre pelo lado da boca, é que está torta, paralisada também.
De repente, lembra algo terrível. Uma coisa que guardara consigo por mais de trinta anos. A esposa sabe, mas nunca falaram daquilo. Há um pacto de silêncio entre eles. Está tomado de angústia. Chora pelo olho que consegue emitir lágrima. A esposa se aflige e o consola. Chora também. Beija-lhe o rosto ternamente. Gregory tem certeza que chegou seu momento fatal, o que lhe aumenta o terror por causa do segredo. Precisa consertar esta parte de seu passado. O terror do inferno toma conta de seu coração.
Faz sinal para que a mulher se aproxime. Cochicha seu medo e sua decisão. Ela fica muda, olhos arregalados. Havia esquecido. Tenta demover-lhe da idéia que considera louca. Ele responde: Vou morrer, não quero ir para o inferno. Preciso confessar. Ela se resigna, é um moribundo quem fala. Choram novamente. Ele de alívio, ela de desespero, pois preferiria nunca mais sequer ouvir esta história, quanto mais trazê-la a público.
Dia seguinte, o xerife do condado está ao lado da cama de Gregory. A esposa explica que ele fala com dificuldade, se ele não conseguir entendê-lo que lhe pergunte. Gregory olha decidido para o xerife. Seu rosto é severo por causa da paralisia, mas por dentro ele está contente, vai se livrar de um fardo. O xerife inclina a cabeça para ouvir. Gregory não faz rodeios: matei um homem há 30 anos noutra cidade e não paguei por isso. Perdi a cabeça. Pensei que ele estava dando em cima de minha mulher. Era um vizinho meio folgado. Matei e enterrei no quintal de casa.
O xerife está estupefato. Não diz palavra. Levanta-se calmamente, faz um sinal com a cabeça para o confessante e chama a esposa para conversar no corredor. Acha tudo aquilo inacreditável. Precisará investigar os fatos para saber se confere, deverá levar umas duas semanas, pois o suposto assassinato ocorrera em outro estado. A esposa ouve calada, apenas confirma com a cabeça.
Os dias passam e Gregory melhora rapidamente. A fala torna-se fluida, os movimentos melhoram e nem a boca se vê torta. Recebeu alta, anda pela casa sem necessidade de ajuda. Depois do almoço, um suculento bife com batatas, descansa em sua cadeira predileta. Súbito, cai
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